Manaus comemora, nesta quinta-feira (24/10), 355 anos com muitos desafios a serem encarados pelo futuro prefeito da capital amazonense. A cidade, que registrou o maior crescimento urbano do Brasil em dez anos, vive problemas habitacionais, altos índices de violência e precisa enfrentar as mudanças climáticas que impactam a população.
Professor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília (UnB), Fernando Luiz Araújo Sobrinho é autor de pesquisas sobre cidades da Amazônia. Para ele, alguns destes problemas não são resolvidos em curto prazo.
"Infelizmente não vamos resolver tudo isso de um dia para outro. É um processo que vai demorar alguns anos e algumas gestões municipais, além de serem necessárias articulações com os governos federal e estaduais. É o caso, por exemplo, do saneamento, uma questão bastante importante na Amazônia brasileira. Trata-se de um indicador que está em situação muito mais vulnerável do que em outras regiões brasileiras", disse.
Manaus figura entre as 15 cidades brasileiras com o pior saneamento básico, de acordo com o Instituto Trata Brasil. Manaus piorou entre 2022 e 2023.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que Manaus lidera, em número, os chamados "aglomerados subnormais", com 9.549 dessas acomodações precárias.
"No que se refere à política habitacional de Manaus, os problemas são cada vez maiores, com uma especulação imobiliária impulsionada pela verticalização, gerando o sufocamento de pessoas economicamente menos favorecidas nas periferias, gerando um crescimento desordenado, sem planejamento, tendo o estado um tempo muito lento de respostas aos problemas que decorrem desta situação", disse o mestrando da Universidade Federal do Oeste do Pará, João Neto Sousa Rodrigues, que desenvolve pesquisas sobre os processos de territorialização.
Violência
Dados do Atlas da Violência 2024 revelam que Manaus é a terceira capital do Brasil com a maior taxa de homicídios estimados a cada 100 mil habitantes (55,7). A cidade do Amazonas perde apenas para Salvador (66,4) e Macapá (55,8). Entre os municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, Manaus fica na 23ª posição na taxa de homicídios estimados.
A cada 100 mil habitantes, há um total de 52,4 homicídios de jovens pretos, pardos ou indígenas. No caso de brancos ou amarelos, este número cai para 5,9 mortes. Já a idade média ao morrer de brancos e amarelos é 64,2 anos, enquanto a de pretos, pardos e indígenas é de 58,1 anos.
No início de outubro, o rio Negro atingiu sua cota mínima de 12,11 metros, de acordo com a Defesa Civil do Estado. No mês anterior, a Prefeitura de Manaus decretou situação de emergência por 180 dias em razão da estiagem.
De acordo com a Secretaria Executiva de Proteção e Defesa Civil (Sepdec), na zona urbana de Manaus, dez bairros estão afetados pela estiagem severa. Entre as comunidades ribeirinhas e rurais, 83 estão sendo afetadas pela estiagem e 46 estão isoladas. Ainda conforme a Sepdec, 7.443 famílias estão afetadas pela seca dos rios, totalizando 25.189 pessoas impactadas.