Após dizer que reconhece a institucionalidade dos órgãos jurĂdicos da Venezuela, afirmou que falta fundamento legal nas notificações em que foi citado. Edmundo ainda negou que seja responsĂĄvel pelo site na internet onde foram publicadas as supostas atas da oposição que dão vitória a ele na eleição de 28 de julho contra NicolĂĄs Maduro.
NotĂcias relacionadas:
- MinistĂ©rio PĂșblico da Venezuela pede prisão de lĂder da oposição.
- Vence prazo de 30 dias para Venezuela publicar dados eleitorais.
- Venezuela: opositores não apresentam atas à Justiça e questionam CNE.
As autoridades venezuelanas afirmam que mais de nove mil atas publicadas são falsas. JĂĄ o Tribunal Supremo de Justiça do paĂs, após perĂcia, ratificou a vitória do presidente NicolĂĄs Maduro em 28 de julho. PorĂ©m, os dados da eleição por mesa de votação ainda não foram divulgados publicamente.
O Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, em entrevista à imprensa realizada tambĂ©m nesta quinta-feira, argumentou que a carta de Edmundo Ă© contraditória porque, ao mesmo tempo que diz reconhecer a autoridade do MP, se recusa a se submeter ao sistema de Justiça.
"O cidadão GonzĂĄlez Urrutia faz justiça com as próprias mãos, ou seja, passa a ser a Justiça venezuelana, passa a ser o tribunal, o procurador, a defesa, e diz que Ă© inocente", afirma Tarek Saab, reforçando que o opositor deve comparecer ao MP.
"Apresente-se perante este MinistĂ©rio PĂșblico porque a carta que foi escrita lhe causou dano. Torna-se um agravante na sua situação jurĂdica, pois nela, como jĂĄ disse, ele se declara juiz e faz justiça com as próprias mãos", completou.
Como Edmundo não respondeu às trĂȘs citações para que deponha sobre a investigação aberta contra o site da oposição com as supostas atas, um pedido de prisão foi emitido contra o ex-candidato por "risco de fuga". Nessa quarta-feira (4), o advogado do opositor, JosĂ© Vicente Haro, foi atĂ© o MP para explicar a ausĂȘncia do cliente.
O mandado de prisão contra a liderança da oposição foi criticado pelos Estados Unidos e visto com "preocupação" pelo Brasil e pela Colômbia, que alegaram que a medida dificulta uma solução pacĂfica para o conflito entre governo e oposição.
Corina
Em uma rede social, a lĂder da oposição MarĂa Corina Machado disse que Ă© a responsĂĄvel pela digitalização das supostas atas que dão vitória à Edmundo. "Tenho orgulho de fazer parte deste poderoso movimento que tornou possĂvel esta extraordinĂĄria operação cĂvica e tecnológica e assumo a responsabilidade pelas atas porque são legais".
Corina Machado indicou Edmundo para concorrer à presidĂȘncia em seu lugar após ser impedida por irregularidades nas prestações de contas de quando era deputada federal.
A principal lĂder da oposição voltou a dizer que Edmundo Ă© o presidente eleito e afirmou que os militares e policiais "tĂȘm um dever constitucional que devem cumprir". Disse ainda que o MP venezuelano Ă© um "braço de perseguição e terrorismo" e que Ă© ilegĂtimo.
A Carta
Na carta divulgada hoje, Edmundo defende que a publicação das atas na internet não usurpa a competĂȘncia do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que Ă© o Poder responsĂĄvel pelas eleições na Venezuela.
"Creio que não usurparam funções do CNE, jĂĄ que o sistema e a norma eleitoral de Venezuela contempla como uma de suas garantias de confiabilidade a entrega de exemplares de atas de escrutĂnio a testemunhas [da oposição]", explicou.
Ainda segundo Edmundo, caso comparecesse ao MP, aumentaria a tensão social e polĂtica no paĂs. "Ademais de consolidar um contexto de judicialização incriminatória da polĂtica que todos devemos rejeitar", completou.
O candidato à presidĂȘncia da Venezuela disse ainda que Ă© preciso considerar que, nas Ășltimas semanas, diversos representantes do governo o condenaram por antecipação e, "como digo, sem fundamento".
PGR
Na entrevista à imprensa, o Procurador-Geral da RepĂșblica, Tarek Saab, voltou a justificar a investigação aberta contra os responsĂĄveis pela pĂĄgina que publicou as supostas atas questionando o resultado eleitoral de 28 de junho, que deu a reeleição ao presidente Maduro.
Para Tarek, o questionamento da oposição motivou a onda de violĂȘncia que deixou mais de 25 mortos e 190 feridos, "dos quais 100 são policiais e militares, tendo atacado e destruĂdo 400 bens estatais e tambĂ©m privados como escolas, universidades, centros de saĂșde e educativos".
O Procurador-Geral tambĂ©m questionou as denĂșncias que organizações de direitos humanos tĂȘm feito de supostas violações e detenções arbitrĂĄrias durante os protestos pós-eleitorais. Segundo Tarek Saab, nenhuma denĂșncia formal foi feita às instituições pĂșblicas.
"Não apresentaram um Ășnico caso de ação irregular que viole os direitos humanos por parte de qualquer órgão de segurança do Estado. Quase 40 dias ou 45 dias do 28 de julho eles não apresentaram nenhuma reclamação a ninguĂ©m, por quĂȘ? porque não existe", afirmou.
agenciabrasil.ebc.com.br