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Seis anos após incêndio, Museu Nacional faz apelo por doações


- Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

Apesar de classificar o ritmo do trabalho de reconstrução como excelente, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, devastado por um incĂȘndio que completa seis anos nesta segunda-feira (2), faz um apelo por mais doações da sociedade para conseguir reabrir à visitação o palĂĄcio histórico dentro do prazo estimado - abril de 2026.

"O trabalho estĂĄ excelente, no sentido de que as obras estão andando, elas nunca pararam", afirmou à AgĂȘncia Brasil o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. Ele destacou, no entanto, a necessidade de conseguir mais recursos a curto e mĂ©dio prazos.

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"Precisamos captar atĂ© novembro R$ 50 milhões e, atĂ© fevereiro do ano que vem, mais R$ 45 milhões. São R$ 95 milhões. Se a gente não tiver, a obra não vai acontecer e não vamos entregar o museu", alertou.

O orçamento estimado para a reconstrução do museu, incluindo o que jĂĄ foi arrecadado, Ă© de R$ 491,7 milhões. Os recursos adquiridos tĂȘm origens no setor pĂșblico e na iniciativa privada.

São patrocinadores do projeto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), MinistĂ©rio da Educação (MEC), MinistĂ©rio da CiĂȘncia, Tecnologia e Inovação (MCTI), Congresso Nacional, Bradesco e a Vale.

"Apesar do grande apoio que temos do MEC, que recentemente concedeu R$ 14 milhões para as obras que envolvem uma parte do palĂĄcio, Ă© fundamental a participação da sociedade brasileira", afirmou Kellner.

Rio de Janeiro - O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner fala durante inauguração de novo espaço da instituição - Foto Tomaz Silva/AgĂȘncia Brasil

O diretor do museu classifica o trabalho de recuperação como "ĂĄrduo", incluindo a confecção dos roteiros e novos circuitos expositivos.

A previsão da direção Ă© entregar o Bloco 1 (histórico) do Museu Nacional em abril de 2026. A reabertura total estĂĄ prevista para 2028.

Enquanto as entregas à população não chegam, o museu faz, anualmente, o Festival Museu Nacional Vive. A Ășltima edição foi nesse domingo (1Âș), com diversas atividades gratuitas na Quinta da Boa Vista, enorme ĂĄrea verde que serve como jardim da instituição.

Depois de seis anos sem um espaço permanente para visitação, o Museu Nacional inaugurou, na Ășltima quinta-feira (29), uma ĂĄrea vizinha ao prĂ©dio histórico para receber alunos de escolas.

IncĂȘndio

O Paço de São Cristóvão, palĂĄcio histórico que sediava o Museu Nacional, foi destruĂ­do pelas chamas na noite de um domingo. O principal museu de história natural da AmĂ©rica Latina perdeu cerca de 80% do acervo de 20 milhões de itens. De acordo com a PolĂ­cia Federal, o fogo começou em um aparelho de ar-condicionado.

As obras emergenciais - retirada dos escombros, escoramento do prĂ©dio, instalação de telhado provisório e de contĂȘineres para apoio ao resgate do acervo " começaram ainda em setembro de 2018 e foram atĂ© agosto de 2019. As obras na fachada e telhado foram iniciadas em novembro de 2021.

A gerente executiva do Projeto Museu Nacional Vive, Lucia Basto, explica que as intervenções de reconstrução começaram pelas fachadas, coberturas e esquadrias.

Rio de Janeiro " A coordenadora do projeto Museu Nacional Vive, LĂșcia Bastos - Tomaz Silva/AgĂȘncia Brasil

"Cinquenta por cento do prĂ©dio jĂĄ estão recuperados. Estamos avançando, continuamos com esse processo e agora, no segundo semestre de 2024, vamos dar inĂ­cio às obras do interior", detalhou.

No site do Projeto Museu Nacional Vive são publicados boletins sobre o andamento da recuperação. Um dos avanços mais recentes Ă© o trabalho para instalação da futura claraboia do pĂĄtio da escadaria.

Foram içadas mais de 5 toneladas de vigas e pilares. A claraboia Ă© uma das inovações do projeto de arquitetura e restauro e conta com a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e ArtĂ­stico Nacional (Iphan).

Doações

Ao ressaltar a necessidade de empresas e pessoas fĂ­sicas contribuĂ­rem para a reconstrução do museu, o diretor Alexander Kellner aponta duas formas de colaborar: financeiramente e com doação de acervo.

Ele destaca que no fim do ano passado foi incluĂ­da na Lei Rouanet " que incentiva doações para incentivo à cultura " a captação de R$ 90 milhões para serem distribuĂ­dos ao projeto de recuperação. ?? uma forma de empresas e tambĂ©m pessoas fĂ­sicas destinarem para a reconstrução dinheiro que deveria ser pago em impostos.

"?? fundamental que as empresas venham [nos procurar para doar], porque elas pagam impostos e, por meio da Lei Rouanet, conseguem abater esses impostos, sendo mais uma ajuda do governo, jĂĄ que deixa de arrecadar", explicou.

Kellner afirmou que a instituição estĂĄ avançando na doação de itens de acervo por pessoas e instituições. "Estimamos que vamos precisar de 10 mil exemplares. JĂĄ conseguimos 1.815, que farão parte da exposição no primeiro momento, e precisamos de mais".

Dinossauro

AlĂ©m de convocar a sociedade para colocar em funcionamento novamente a parte expositiva do Museu Nacional - a instituição, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tambĂ©m realiza pesquisas e oferece cursos de pós-graduação -, Alexander Kellner pede adesão à campanha Resgate o Gigante.

O objetivo Ă© remontar o Maxakalisaurus topai, primeiro dinossauro de grande porte montado no paĂ­s, apelidado de Dinoprata. Antes do incĂȘndio, o esqueleto, de 13,5 metros de comprimento, precisou ser desmontado por causa de problemas de cupim na base que o sustentava.

A instituição tenta obter R$ 300 mil em colaboração coletiva para prĂ©-produção, produção e exposição do crânio e finalização de toda a coluna vertebral. Alcançando essa meta, o Museu Nacional se compromete a aportar mais R$ 200 mil, valor necessĂĄrio para finalizar a montagem completa e pintura do Dinoprata. A colaboração pode ser feita no site Resgate o gigante.

"Não Ă© possĂ­vel que a gente abra em 2026 sem o nosso dinossauro montado", disse Kellner.

agenciabrasil.ebc.com.br

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