Os golpes financeiros, como fraudes, roubo de senhas e invasão de contas bancĂĄrias, atingiram mais de sete milhões de brasileiros somente no ano passado, dos quais a maioria (61%) conseguiu recuperar o dinheiro, sendo que 34% recuperaram o valor total perdido no golpe e 18% obtiveram ainda um valor a mais por dano moral, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) e do SPC Brasil. O aumento dessa modalidade de crimes, principalmente por meio de Pix ou boletos falsos, motivou um Acordo de Colaboração TĂ©cnica entre o MinistĂ©rio da Justiça e Segurança PĂșblica (MJSP) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), oficializado nesta sexta-feira (23) em visita do ministro Ricardo Lewandowski à sede da entidade.
Após uma reunião em almoço com os representantes dos bancos, o ministro participou do anĂșncio, no centro financeiro da capital paulista. A parceria terĂĄ duração de pelo menos dois anos, podendo ser prorrogada para atĂ© 60 meses, e colocarĂĄ recursos tĂ©cnicos do governo e dos bancos para atuar em conjunto, com troca de dados tĂ©cnicos, tecnologias e expertise, alĂ©m de treinamento de recursos humanos. O objetivo Ă© encontrar ferramentas para diminuir ou reverter o aumento desses crimes, que jĂĄ levaram a cerca de 200 operações e ao cumprimento de 445 mandados de busca e apreensão, alĂ©m de 85 prisões, entre 2018 e 2023.
Segundo o ministro a atuação conjunta serĂĄ ampla: "Nós vamos abranger vĂĄrios setores, pois pretendemos enfrentar não apenas os ilĂcitos penais, mas tambĂ©m os civis e aqueles praticados contra o consumidor. ?? um objetivo bastante ambicioso, mas teremos os meios necessĂĄrios para apresentar, em breve, uma proposta de soluções no combate à criminalidade organizada".
SerĂĄ formado um grupo de trabalho conjunto em 30 dias, de composição ainda não detalhada, que terĂĄ entre os objetivos a construção de uma polĂtica pĂșblica denominada EstratĂ©gia Nacional de Segurança Financeira. Para o presidente da Febraban, Isaac Sidney, "o combate ao crime organizado, a luta contra as fraudes bancĂĄrias, e outros ilĂcitos financeiros, são um dever da sociedade como um todo. Não pode ficar restrito ao poder pĂșblico".
Lewandowski falou tambĂ©m da importância de atualizar a legislação relacionada ao combate à lavagem de dinheiro, inclusive em relação a outros crimes, como o Garimpo Ilegal e o trĂĄfico de drogas, o que pode ser melhorado a partir do trabalho conjunto entre entes pĂșblicos e privados.
No evento foram destacadas, ainda, duas parcerias em moldes semelhantes, que estão em fase de consolidação e devem ser oficializados em breve. Uma prevĂȘ a troca de informações, com ĂȘnfase em medidas educativas e preventivas e de repressão à criminalidade cibernĂ©tica e de ataques de alta tecnologia. A Febraban jĂĄ doou à PolĂcia Federal equipamentos de alta tecnologia para o enfrentamento ao crime de ransomware (software usado para extorsão por meio de sequestro de dados). O outro acordo envolve a Delegacia de Repressão a Crimes FazendĂĄrios da PolĂcia Federal para tratar fraudes no âmbito do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
O ministro falou ainda sobre infiltração do crime organizado em governos, por meio das eleições. Segundo ele, o MJSP estĂĄ trabalhando com Tribunal Superior Eleitoral, colaborando na triagem de antecedentes de candidatos, quando pedido, e no combate às fake news.
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