Manaus, a capital do Amazonas, enfrenta um cenário preocupante com a deterioração da qualidade do ar, resultado das queimadas que ocorrem na região. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia emitiu um alerta sobre a importância do uso de máscaras com sistema de filtragem especial, como N95 ou PFF2, para mitigar os impactos nocivos da fumaça, especialmente entre indivíduos com histórico de comorbidades e doenças respiratórias.
O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia, destacou que a situação atual é alarmante, uma vez que a qualidade do ar na capital já foi classificada como "muito ruim". Orellana manifestou sua preocupação quanto à incerteza sobre a duração e a intensidade da exposição à fumaça em comparação aos anos anteriores. "O que mais nos inquieta este ano é não sabermos se estamos diante de uma antecipação do período crítico ou se, de fato, teremos uma fase prolongada de contato com essa fumaça tóxica", afirmou Orellana. Ele completou que o pico da poluição em 2023 foi observado em outubro, o que sugere um padrão anômalo que poderia exacerbar os problemas de saúde da população.
Os efeitos diretos da fumaça sobre a saúde são facilmente identificáveis, conforme explicou o pesquisador. A população tem relatado sintomas como tosse seca, falta de ar, irritação nos olhos e na garganta, além de congestão nasal e alergias cutâneas. Tais manifestações são apenas a ponta do iceberg, pois os impactos indiretos são ainda mais graves. Orellana observou que a poluição atmosférica pode agravar condições como rinite, asma, bronquite e doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Adicionalmente, a exposição à fumaça tem repercussões negativas sobre a saúde mental, aumentando a ansiedade e as preocupações em pessoas vulneráveis, que se veem limitadas em suas atividades de lazer e tratamento ao ar livre.
O aumento no número de atendimentos médicos ambulatoriais e internações hospitalares também acende um sinal de alerta sobre a sobrecarga dos serviços de saúde. Já em condições críticas, esses serviços se tornam ainda mais demandados, o que pode resultar em um colapso no atendimento à saúde da população. "O uso de máscara torna-se, portanto, muito apropriado principalmente para aqueles com histórico de doenças respiratórias e que precisam sair de casa", disse Orellana, enfatizando a necessidade de medidas protetivas em um cenário de risco elevado.
Para pessoas que precisam realizar atividades físicas ao ar livre, como caminhadas ou corridas, a recomendação é clara: evitar tais práticas durante a intensificação da fumaça. Caso sejam inevitáveis, a orientação é usar o ar-condicionado do veículo com a circulação interna ativada para minimizar a inalação de poluentes. Orellana sublinha a importância de buscar atendimento médico quando sintomas clínicos se manifestam, ao invés de optar pela automedicação, que pode agravar o quadro de saúde.
As equipes de saúde pública estão em estado de alerta, preparando-se para atender a possíveis picos de demanda. A orientação da Fiocruz reflete não apenas a preocupação com saúde física, mas também com o bem-estar geral da população afetada pelas circunstâncias adversas que envolvem as queimadas e a consequente poluição do ar.
Diante desse cenário, é fundamental que os cidadãos de Manaus sigam as recomendações da Fiocruz e adotem medidas de proteção, como o uso de máscaras adequadas. A conscientização sobre a gravidade da situação e a adoção de hábitos de proteção podem contribuir significativamente para a preservação da saúde. O alerta de Jesem Orellana é um chamado à ação, não apenas para os indivíduos mais vulneráveis, mas para toda a comunidade, a fim de que juntos possamos enfrentar essa crise ambiental e de saúde pública. A colaboração de todos é essencial para mitigar os efeitos de um fenômeno que, se não controlado, pode ter consequências drásticas e duradouras para a saúde da população de Manaus.