O problema que provocou um apagão cibernético mundial nesta sexta-feira (19) e perturbações em várias empresas foi "identificado" e está sendo corrigido, anunciou o CEO da CrowdStrike, empresa americana de cibersegurança.
"A CrowdStrike está trabalhando ativamente com os clientes afetados por uma falha encontrada em uma atualização de conteúdo dos usuários do Windows (...) não é um incidente de segurança ou um ataque cibernético. O problema foi identificado, isolado e uma correção foi aplicada", escreveu George Kurtz nas redes sociais X e LinkedIn.
Grande falha
Uma grande falha nos sistemas de TI afetou várias atividades nesta sexta-feira (19) ao redor do planeta, incluindo as operações de companhias aéreas internacionais, empresas ferroviárias e do setor de telecomunicações.
As principais companhias aéreas dos Estados Unidos, incluindo Delta, United e American Airlines, suspenderam os voos no início da manhã devido a "problemas de comunicação", informou a Administração Federal de Aviação (FAA).
Problemas similares afetaram os aeroportos de Berlim, na Alemanha, Amesterdã-Schiphol, nos Países Baixos, Hong Kong, assim como todos os aeroportos na Espanha, anunciaram os administradores dos terminais aeroportuários destes países.
Na Suíça, o aeroporto de Zurique, o maior do país, também suspendeu os pousos até nova ordem.
Os aeroportos de Pequim não foram afetados, segundo a imprensa estatal chinesa.
Além de companhias aéreas e dos aeroportos, o apagão cibernético também afetou hospitais nos Países Baixos, a Bolsa de Valores de Londres e o sistema ferroviário britânico.
A programação do canal britânico Sky News foi interrompida. Na Austrália, o canal nacional ABC anunciou que seus sistemas foram afetados por uma falha "grave".
Segundo a agência francesa de segurança cibernética, ANSSI, "não há evidência que sugira que esta interrupção foi provocada por um ciberataque".
A empresa australiana de telecomunicações Telstra indicou que os cortes foram provocados por "problemas globais" que afetaram o software fornecido pela Microsoft e pela empresa de segurança cibernética CrowdStrike.
A autoridade nacional de segurança cibernética da Austrália afirmou que o "apagão em larga escala" estava relacionado com uma "plataforma de software de terceiros" e que ainda não tinha informações que sugerissem o envolvimento de hackers no incidente global.
Em um comunicado, a empresa americana Microsoft afirmou que estava adotando "medidas" para solucionar a situação. "Os nossos serviços continuam observando melhorias contínuas enquanto seguimos adotando medidas de mitigação", escreveu a empresa na rede social X.
Não está claro se os problemas mencionados pela Microsoft estão relacionados às falhas de TI a nível global. Não foi possível obter comentários da CrowdStrike até o momento.
Grande impacto
Um especialista em TI da Universidade de Melbourne, Toby Murray, disse que havia indícios de que o problema estava relacionado com uma ferramenta de segurança chamada CrowdStrike Falcon.
"A CrowdStrike é uma empresa global de segurança cibernética e inteligência sobre ameaças", explicou.
"Falcon é o que se conhece como uma plataforma de detecção e resposta (...) que supervisiona os computadores nos quais está instalado para detectar invasões (ou seja, hackers) e responder", acrescentou.
Grandes filas foram observadas no aeroporto de Sydney. "Os voos estão chegando e partindo neste momento, mas é possível que tenhamos alguns atrasos durante a tarde", disse um porta-voz do sistema aeroportuário.
Em uma das maiores redes de supermercados do país, os terminais de venda automática exibiam mensagens de erro.
Companhias aéreas como Air France, KLM (Países Baixos) e Ryanair (Irlanda) sofreram problemas em suas redes. O mesmo aconteceu com três companhias aéreas indianas, IndiGo, SpiceJet e Akasa Air.
Algumas companhias aéreas do aeroporto internacional de Singapura também relataram interrupções.
Na Nova Zelândia, a imprensa informou sobre problemas nos bancos e nos sistemas operacionais do Parlamento.
Jill Slay, pesquisadora de segurança cibernética da Universidade da Austrália do Sul, disse que o impacto global do apagão pode ser "enorme".