Após o Radar noticiar que o presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), o vereador Caio André (UB) destinou o valor de R$ 563.000,00 (quinhentos e sessenta e três mil reais) por meio de emenda parlamentar para uma instituição fantasma conhecida como IMPESDAM (Instituto Tecnológico, Mineração, Preservação ecológica, Social Cultural e Desportivo) para promoção de "ações sociais de assistencialismo às pessoas que se encontraram em vulnerabilidade social em Manaus", a equipe de reportagem constatou que o instituto é de responsabilidade de Ivan Bezerra da Silva, diretor da contabilidade da CMM, que foi nomeado pelo próprio Caio Andé para o cargo.
A informação sobre o contador aparece na última linha do documento da emenda para o IMPESDAM. Além do nome e contato de Ivan aparecer como "responsável" pelo instituto fantasma, o e-mail exposto é, supostamente, de uma empresa de contabilidade, "AI Cont Soluções Contábeis". Porém, nenhuma informação sobre a empresa foi encontrada na internet.
De acordo com o Portal da Transparência, Ivan Bezerra é diretor de contabilidade da Câmara Municipal e recebe o salário líquido de R$ 19 mil por mês.
Instituto Fantasma
A reportagem do Radar Amazônico foi até ao endereço que está descrito no documento " da emenda de N° 023/2023 " de autoria do próprio vereador Caio André, que diz que o Instituto está localizado na Avenida São Jorge, nº 602, no bairro São Jorge, e ao chegar ao local foi encontrado apenas uma assistência técnica de celular e uma casa residencial naquele lugar.
A proprietária, que não quis se identificar, e que não tem nenhuma relação com o instituto, disse que já está no local há 4 anos e que não conhece nenhum instituto e nem seus donos. Ela também afirma que enquanto ela esteve no endereço nunca funcionou nenhuma outra empresa no local.
Resposta do vereador
Após a repercussão da matéria, o presidente da CMM comentou na publicação do Radar Amazônico nas redes sociais, que os recursos para o instituto foram suspensos devido a "problemas documentais" e ao "endereço de funcionamento" e que o dinheiro foi remanejado para a Fundação Municipal de Cultura, Eventos e Turismo (Manauscult), para "apoio a realização de eventos", se somando assim, aos mais de R$ 170 milhões destinados pela Prefeitura de Manaus para realização de festas e eventos na cidade.
Acontece que a emenda consta na Lei Orçamentária Anual (LOA), ou seja, a suspensão na destinação dos recursos não partiu do próprio parlamentar, que efetivamente cumpriu todos os procedimentos para que a emenda fosse executada.
Em nota oficial, enviada após a publicação da matéria nas redes sociais, o gabinete do vereador explicou que houve um "rígido controle", mesmo a emenda constando na LOA de 2024:
"O gabinete do vereador Caio André (União Brasil), informa que a destinação de suas emendas parlamentares segue um rígido controle de avaliação. O referido instituto teve a destinação de emenda suspensa após constatação de problemas documentais, inclusive com o endereço de funcionamento", diz a assessoria do vereador em nota enviada ao Radar.
A resposta do vereador e de sua equipe busca esclarecer as dúvidas levantadas pela reportagem do Radar Amazônico, destacando que a emenda não foi concretizada devido a irregularidades e que os recursos foram redirecionados para a Fundação Municipal de Cultura, Eventos e Turismo (Manauscult).
RADAR AMAZONICO