Um homem, de 53 anos, foi preso na segunda-feira (10/06), por estuprar e engravidar duas vezes a própria filha, em Manaus. O acusado foi condenado a 37 anos de prisão em regime fechado. Ele era considerado foragido desde setembro do ano passado.
Segundo as investigações da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e Ao Adolescente (Depca), os crimes aconteceram entre 2005 e 2009 e iniciaram quando a vítima tinha apenas 12 anos. Na época, ela foi morar com o pai e passou a ser abusada por ele até os 16 anos.
Em entrevista coletiva realizada nessa terça-feira (11), a delegada Juliana Tuma, titular da especializada, explicou que a vítima, que hoje tem 30 anos de idade, teria ido morar com o pai para ajudar a cuidar dos irmãos.
"Nesse intervalo de tempo, ela engravidou duas vezes do próprio pai, de um menino e uma menina. Essa vítima enfrentou um calvário por todos esses anos todos, não só dos 12 aos 16 anos, mas também até os 26 anos, que foi quando ela conseguiu se encorajar a fazer a denúncia, apoiada por familiares", disse a delegada.
O homem ainda teria tentado fazer com que ela perdesse os bebês nas duas gestações. Ele agrediu a filha diversas vezes na tentativa de um aborto, além de ter dados remédios que colocavam a gravidez em risco.
Na delegacia, a vítima também relatou que quando o pai cometeu o primeiro estupro, usou o pretexto de queria "confirmar sua virgindade".
"Ele usou essa justificativa, mas sabemos que a autoria de um abusador usa diversos panos de fundo, dos mais covardes possíveis. Ele se valeu da autoridade que ele tinha. Alguém que era pra proteger, acabou cometendo essa atrocidade com a filha", contou a titular da Depca.
Após a segunda gestação, aos 16 anos, o homem parou de cometer os abusos contra a filha.
Ameaças
Além dos abusos sexuais, a vítima relatou em depoimento que quando os estupros começaram, ela tentava resistir, mas era agredida fisicamente pelo pai. Ela era atacada com pauladas, socos e chegou a levar choques como formas de represália. Os irmãos menores da vítima, que são do sexo masculino, também eram agredidos pelo homem na época dos crimes.
"Ela registrou a denúncia mesmo sob ameaça. Ela sempre foi ameaçada para ficar em silêncio desde os 12 anos de idade. O pai dizia até que cortaria a língua dela caso o crime fosse exposto", relatou Juliana Tuma.
Agora, a vítima será encaminhada para acolhimento psicológico para que os traumas dos abusos sejam minimizados através do acompanhamento com profissionais. O autor dos abusos sexuais deve ser encaminhado para uma penitenciária de Manaus ainda nesta terça-feira.