A cunhã-poranga do boi Caprichoso, Marciele Albuquerque, ativista indígena do povo Munduruku, está em Baku, no Azerbaijão, participando da COP 29, Conferência do Clima da ONU, que vai até o final desta semana. "É o maior evento sobre o clima, uma conferência onde se firmam compromissos reais para o enfrentamento da crise climática, com propostas para reduzir queimadas, desmatamento e queima de combustíveis fósseis", diz ela, esperançosa de que aumente o financiamento às atividades sustentáveis para beneficiar os países em desenvolvimento.
Marciele representa a força e a urgência da Amazônia e de seus povos tradicionais, sendo uma das principais defensoras da floresta nesta edição da COP. Ela integra um espaço de debates com 196 países presentes, onde se discute financiamento, metas de redução de emissões e compromissos globais para enfrentar uma crise climática e destaca que a luta é guiada por dois eixos principais: assegurar o financiamento para ações climáticas e envolver as comunidades indígenas – as primeiras afetadas e principais protetoras da biodiversidade.
Sob o lema "COP do Financiamento", a edição deste ano ressalta a urgência de assegurar recursos que permitam aos países em desenvolvimento, como o Brasil, avançar em tecnologias verdes sem acumular dívidas. O Brasil se compromete com metas ambiciosas, como manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C e reforça esses compromissos com programas como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre e o Plano Clima, voltados para a preservação da Amazônia e para o desenvolvimento sustentável. O mercado de carbono também é destaque: espera-se que a COP 29 traga novas regulamentações para esse mercado, alterando compromissos concretos de empresas e nações na redução de emissões.
Para Marciele, o próximo ano representa a chance de consolidar o protagonismo indígena na luta climática. "A COP 30 será no Brasil, nossa Terra Indígena", reforça. Ela acredita que esta será uma oportunidade única para colocar a proteção das florestas e dos povos indígenas no centro das políticas globais, ampliando a conscientização e o compromisso em relação à Amazônia.
A presença de Marciele Albuquerque na COP 29 em Baku é uma mensagem de esperança e de responsabilidade. Ao lado das representantes de várias nações, ela traz a perspectiva de quem vive e protege a floresta, inspirando a comunidade internacional a adotar ações concretas e inclusivas na defesa do planeta.
Fotos: Anar Bayramli