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Entenda por que Gaza motivou os bombardeios de Israel contra o Líbano

Por Redação - [email protected] 28/09/2024 às 06:32:00

- Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

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Os bombardeios aĂ©reos massivos de Israel contra cidades libaneses são desdobramento da campanha militar israelense na Faixa de Gaza, território palestino ocupado por Tel-Aviv. Em menos de uma semana, mais de 700 pessoas foram mortas nestes ataques ao LĂ­bano.

"Não importa os sacrifĂ­cios, consequĂȘncias ou possibilidades futuras, a resistĂȘncia no LĂ­bano não deixarĂĄ de apoiar Gaza", repetiu a principal liderança do grupo libanĂȘs Hezbollah, Hassan Nasrallah, em discurso televisionado após o agravamento do conflito na região.

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Assim como as milĂ­cias do IĂȘmen e do Iraque tĂȘm lançado ataques contra Israel ou aliados de Tel-Aviv em represĂĄlia aos bombardeios em Gaza, a chamada resistĂȘncia libanesa " coalizão de sete grupos polĂ­tico-militares liderados pelo Hezbollah " tem promovido ataques contra Israel desde o dia 7 de outubro, tambĂ©m em solidariedade à Gaza.
BrasĂ­lia (DF), 27/09/2024 - O jornalista, cientista polĂ­tico e professor de relações internacionais Bruno Lima Rocha Beaklini. Foto: Bruno Beaklini/Arquivo Pessoal
Bruno Lima Rocha Beaklini explica que a resistĂȘncia no LĂ­bano não deixarĂĄ de apoiar Gaza- Bruno Beaklini/Arquivo Pessoal

"Cada vez que a população de Gaza sofre um ataque, como em 2012 e 2014, a resistĂȘncia libanesa se mobiliza e tenta fazer uma linha de reforço. Esses conflitos para apoiar os palestinos sempre ocorreram, desde 1985", explicou o jornalista, cientista polĂ­tico e professor de relações internacionais Bruno Lima Rocha Beaklini.

As batalhas entre os militares israelenses e os grupos da resistĂȘncia libanesa após o 7 de outubro de 2023 forçou o deslocamento de cerca de 120 mil israelenses do norte do paĂ­s e preocupa Tel-Aviv com a possiblidade do conflito inviabilizar o Porto de Haifa, no Mar Mediterrâneo.

Bruno Beaklini lembrou que o porto israelense de Eilat jĂĄ estĂĄ sem operar por causa do bloqueio naval que as milĂ­cias do IĂȘmen " solidĂĄrias à Gaza " impõem no Mar Vermelho. AlĂ©m disso, avalia que Israel decidiu bombardear o LĂ­bano em larga escala por causa do impasse criado na Faixa de Gaza.

"Netanyahu tentou criar um impasse colocando a população do LĂ­bano inteira no alvo de bombardeios e, com isso, tentar salvar o Porto de Haifa e tentar recolocar a sua população no norte da Galileia ocupada", explicou o especialista, lembrando que o atual norte de Israel, conhecida como Galileia Histórica, não estava na divisão da Palestina originalmente proposta pelas Nações Unidas (ONU), em 1947.

Para Bruno, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenta ampliar a guerra porque não tem uma saĂ­da para Gaza, não consegue libertar os refĂ©ns e espera ganhar tempo para a eleição dos Estados Unidos, o principal aliado de Israel.

"Aquilo que seria um apoio hipócrita do governo dos democratas [do presidente Joe Biden ou da candidata Kamala Harris], pode se tornar um apoio assumido com uma vitória de Donald Trump. Trump pode retomar a campanha dos Acordos de Abraão, tentando aliciar novamente os estados ĂĄrabes, como a ArĂĄbia Saudita. Ai sim Netanyahu tem carta branca para fazer o que bem entender", completou.

Os chamados Acordos de Abrão são compromissos firmados entre Israel e alguns estados ĂĄrabes e que são apontados por alguns especialistas como um dos motivos para o Hamas atacar Israel no 7 de outubro de 2023.

História

Apesar dos atuais bombardeios israelenses contra o LĂ­bano serem uma consequĂȘncia dos ataques à Gaza, o conflito entre a resistĂȘncia libanesa e o Estado de Israel não começou com o 7 de outubro, mas sim em 1978. Nesse ano, os militares de Tel-Aviv invadiram o LĂ­bano ao perseguir a resistĂȘncia palestina, que se refugiava no paĂ­s vizinho.

Em 1982, Israel invade novamente o LĂ­bano e ocupa parte de Beirute, a capital do paĂ­s, obrigando os militantes da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) a fugir da região. Israel então cria uma ĂĄrea tampão e permanece ocupando o sul do LĂ­bano atĂ© o ano 2000.

O grupo Hezbollah surge então como uma guerrilha " apoiada pelo Irã " que luta contra a ocupação militar de Israel no LĂ­bano. Em 25 de maio de 2000, a resistĂȘncia libanesa consegue expulsar Israel do paĂ­s ĂĄrabe.

Houve ainda outras trĂȘs campanhas militares de Israel contra o LĂ­bano, em 2006, 2009 e 2011. A maior foi em 2006, durou cerca de 30 dias e matou mais de 10 mil civis.

"As trĂȘs principais razões de existir dessa força polĂ­tica [o Hezbollah] Ă© proteger a população xiita mais pobre do LĂ­bano, proteger o território LibanĂȘs e libertar a Palestina", acrescentou o professor Bruno Lima Rocha Beaklini.

O LĂ­bano ainda disputa com Israel algumas ĂĄreas próximas às Colinas de Golã, território sĂ­rio invadido e ocupado por Israel desde 1967. As chamadas Fazendas Shebaa e as Colinas de Kfar Chouba são territórios tomados por Israel e que são reivindicados pelo LĂ­bano.

A maior comunidade de brasileiros vivendo no Oriente MĂ©dio estĂĄ no LĂ­bano. São 21 mil brasileiros que vivem no paĂ­s. A imigração libanesa no Brasil tambĂ©m Ă© forte. Estima-se que 3,2 milhões de libaneses ou descendentes de libaneses vivam no Brasil.

BrasĂ­lia (DF), 27/09/2024 - Arte para a matĂ©ria Guerra em Israel e LĂ­bano. Arte/AgĂȘncia Brasil
Guerra em Israel e LĂ­bano, por Arte/AgĂȘncia Brasil

Terrorismo

O principal grupo da chamada resistĂȘncia libanesa " o Hezbollah " tem tanto um braço militar quanto polĂ­tico, sendo o grupo com mais votos e assentos no parlamento libanĂȘs. O Hezbollah indica ministros para o governo do paĂ­s ĂĄrabe hĂĄ trĂȘs mandatos.

Apesar disso, para paĂ­ses como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, o Hezbollah Ă© um grupo terrorista. PorĂ©m, as Nações Unidas não consideram o grupo como terrorista e o Brasil só considera como terroristas as organizações classificadas dessa forma pela ONU.

O cientista polĂ­tico Bruno Beaklini sustenta que não hĂĄ provas de que o grupo libanĂȘs promova ataques contra civis desarmados. Ele argumenta que ataques contra instalações miliares e diplomĂĄticas dos EUA na dĂ©cada de 1980 " apontados como atos terroristas - foram atos de guerra e que a acusação de que o grupo participou do atentando contra a Sociedade Judaica na Argentina, em 1994, não tem provas contundentes.

"Não tem nada aprovado [em relação ao atentado na Argentina]. Só existe uma peça da Procuradoria Argentina e o procurador que fez a apuração se suicidou em 2015, o Alberto Nisman. Ele apareceu morto no seu apartamento, supostamente via suicĂ­dio, depois que descobriram fundos de contas secretas dele e de sua mãe nos EUA sem origem e com um valor muito acima de seus ganhos", comentou.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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