Os nĂșmeros foram apresentados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) durante o durante o II Fórum do Ato MĂ©dico.
"A proliferação de cursos de estĂ©tica para não mĂ©dicos e a prĂĄtica frequente do crime de exercĂcio ilegal da medicina motivaram a aprovação de um pacto em favor da segurança do paciente e em defesa do ato mĂ©dico", informou o CFM, em nota. O documento traz compromissos firmados por representantes dos TrĂȘs Poderes, do MinistĂ©rio PĂșblico e de entidades mĂ©dicas, alĂ©m de órgãos de defesa do consumidor.
A proposta, segundo a entidade, Ă© evitar o que ela se refere como "invasão de competĂȘncias exclusivas do mĂ©dico". No comunicado, o conselho cita ainda "um quadro de descontrole e de desrespeito" à chamada Lei do Ato MĂ©dico e cobra a adoção de medidas urgentes para assegurar a obediĂȘncia ao que estĂĄ previsto na legislação brasileira.
A Lei 12.842/2013 ou Lei do Ato MĂ©dico prevĂȘ que procedimentos invasivos, sejam eles diagnósticos, terapĂȘuticos ou estĂ©ticos, caracterizados por inserções ou aplicações de substâncias que transpassam as camadas superficiais da pele, devem ser realizados exclusivamente por mĂ©dicos. "Isso reduz significativamente as chances de exposição dos pacientes a efeitos deletĂ©rios", avalia o CFM.
"Em uma simples busca na internet, Ă© possĂvel encontrar vĂĄrias empresas oferecendo cursos online de preenchimento de PMMA em diversas partes do corpo e peeling de fenol "profundo" para qualquer pessoa que deseja realizĂĄ-lo, sem qualquer restrição profissional. Alguns dos anunciantes, se propõem a fazer a formação com a promessa de retorno financeiro aos inscritos e atĂ© liberando os alunos de etapas anteriores à conclusão da atividade", alertou a entidade.
Relatos de complicações relacionadas ao uso do PMMA em procedimentos estĂ©ticos tambĂ©m se tornaram mais frequentes no Brasil. Em 2020, uma influencer relatou ter perdido parte da boca e do queixo após fazer preenchimento labial com a substância. Em julho deste ano, uma influencer de BrasĂlia morreu após se submeter a um procedimento estĂ©tico similar, para aumentar os glĂșteos.
"Esse Ă© mais um desdobramento da teia complexa que envolve prĂĄticas que colocam a população numa zona de insegurança", destacou o conselho. Em março, o CFM divulgou que, a cada dia, pelo menos dois casos de exercĂcio ilegal da medicina passam a tramitar no JudiciĂĄrio ou em polĂcias civis de estados brasileiros. Entre 2012 e 2023, o paĂs registrou 9.566 casos de exercĂcio ilegal da medicina e enquadrados no artigo 282 do Código Penal.
O conselho ressalta que procedimentos estĂ©ticos invasivos, como a aplicação de fenol e de PMMA, devem ser precedidos de consulta mĂ©dica e de exames especĂficos. Outra orientação da entidade Ă© que os procedimentos sejam realizados em ambientes que respeitem as exigĂȘncias da AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) e do próprio CFM.
Para saber se um profissional estĂĄ capacitado para realizar um procedimento estĂ©tico invasivo, a recomendação Ă© que o paciente acesse o site do CFM ou do Conselho Regional de Medicina (CRM) de seu estado, onde Ă© possĂvel fazer uma busca pelo nome do mĂ©dico ou pelo nĂșmero de registro no CRM.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br