"Existem outros momentos na história polĂtica brasileira, história republicana, que vocĂȘ tem violĂȘncia polĂtica e violĂȘncia inclusive em processos eleitorais. Se vocĂȘ for considerar, por exemplo, o pleito para a PresidĂȘncia da RepĂșblica em 1989, que Ă© o primeiro depois da ditadura, ele foi bastante agressivo, inclusive entre os participantes", lembra.
Segundo a professora, os exemplos mostram que a violĂȘncia polĂtica e eleitoral não Ă© uma prĂĄtica distante do que a sociedade brasileira estĂĄ vivenciando atualmente. "Só que hoje temos uma coisa que não havia naquela Ă©poca: vocĂȘ tem uma transmissão direta pela TV, existem as redes sociais e esse processo Ă© bastante aumentado".
"Eu diria que o ineditismo estĂĄ na forma como tudo vai ser mostrado. Então, por exemplo, em 1989 vocĂȘ tem a TV jĂĄ bastante forte e ativa, mas vocĂȘ não tem as redes sociais. A situação atual tem de ineditismo essa questão da forma de divulgação dessa violĂȘncia polĂtica".
Na noite do Ășltimo domingo (15), no debate eleitoral promovido pela TV Cultura com os candidatos à prefeitura da capital paulista, uma discussão entre JosĂ© Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) terminou em agressão fĂsica. Após uma sĂ©rie de acusações feitas por Marçal contra a reputação de Datena, o candidato do PSDB deu uma cadeirada no candidato do PRTB.
De acordo com a professora, hĂĄ instrumentos disponĂveis à sociedade para o combate de comportamentos agressivos como o registrado no Ășltimo domingo. No entanto, ela ressalta que esses recursos não estão sendo utilizados.
"Existem coisas muito simples que poderiam ser feitas e que, de certa forma, não fariam com que chegĂĄssemos aos episódios recentes que estamos vendo. O candidato que cometesse uma ofensa deveria ter a palavra cortada. Isso seria um recurso extremamente simples, que poderia ser feito e acabaria com essa situação louca que nós estamos vivenciando hoje. Temos recursos, sim. ?? que eles não estão sendo utilizados".