PolĂ­tica

Agressividade na disputa política não é inédita, diz professora da USP

Por Redação - [email protected]

19/09/2024 às 13:07:00 - Atualizado hĂĄ
 - Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

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A agressividade e a violĂȘncia na disputa polĂ­tica brasileira não são comportamentos inĂ©ditos na história do Brasil, diz a professora de história contemporânea da Faculdade de Filosofia, Letras e CiĂȘncias Humanas da Universidade de São Paulo (USP) Maria Aparecida de Aquino. Para ela, o fator novo na atual disputa eleitoral estĂĄ na forma massiva de divulgação das ações violentas por meio das mĂ­dias tradicionais ou pelas redes sociais.

"Existem outros momentos na história polĂ­tica brasileira, história republicana, que vocĂȘ tem violĂȘncia polĂ­tica e violĂȘncia inclusive em processos eleitorais. Se vocĂȘ for considerar, por exemplo, o pleito para a PresidĂȘncia da RepĂșblica em 1989, que Ă© o primeiro depois da ditadura, ele foi bastante agressivo, inclusive entre os participantes", lembra.

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Aparecida tambĂ©m lembra as disputas polĂ­ticas na dĂ©cada de 1950, quando o jornalista e polĂ­tico Carlos Lacerda fazia oposição ferrenha a GetĂșlio Vargas. "Se vocĂȘ pensar numa figura como a de Carlos Lacerda, ele "batia no fĂ­gado". Afetava as pessoas de maneira brutal. E isso era uma prĂĄtica dele. E ele agiu dessa forma e era extremamente violento. Alguns dizem, inclusive, que em 1954, ele foi um dos elementos muito responsĂĄveis pelo episódio que vai levar ao suicĂ­dio de GetĂșlio".

Segundo a professora, os exemplos mostram que a violĂȘncia polĂ­tica e eleitoral não Ă© uma prĂĄtica distante do que a sociedade brasileira estĂĄ vivenciando atualmente. "Só que hoje temos uma coisa que não havia naquela Ă©poca: vocĂȘ tem uma transmissão direta pela TV, existem as redes sociais e esse processo Ă© bastante aumentado".

"Eu diria que o ineditismo estĂĄ na forma como tudo vai ser mostrado. Então, por exemplo, em 1989 vocĂȘ tem a TV jĂĄ bastante forte e ativa, mas vocĂȘ não tem as redes sociais. A situação atual tem de ineditismo essa questão da forma de divulgação dessa violĂȘncia polĂ­tica".

Combate à agressividade

Na noite do Ășltimo domingo (15), no debate eleitoral promovido pela TV Cultura com os candidatos à prefeitura da capital paulista, uma discussão entre JosĂ© Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) terminou em agressão fĂ­sica. Após uma sĂ©rie de acusações feitas por Marçal contra a reputação de Datena, o candidato do PSDB deu uma cadeirada no candidato do PRTB.

De acordo com a professora, hĂĄ instrumentos disponĂ­veis à sociedade para o combate de comportamentos agressivos como o registrado no Ășltimo domingo. No entanto, ela ressalta que esses recursos não estão sendo utilizados.

"Existem coisas muito simples que poderiam ser feitas e que, de certa forma, não fariam com que chegĂĄssemos aos episódios recentes que estamos vendo. O candidato que cometesse uma ofensa deveria ter a palavra cortada. Isso seria um recurso extremamente simples, que poderia ser feito e acabaria com essa situação louca que nós estamos vivenciando hoje. Temos recursos, sim. ?? que eles não estão sendo utilizados".

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