O modelo previsto no contrato assinado hoje não realiza gravação ininterrupta, ou seja, o policial ou a corporação acionarão o equipamento quando desejarem, ponto criticado por entidades de direitos humanos. Segundo a Secretaria de Segurança PĂșblica (SSP) estadual isso Ă© compensado por outras funcionalidades, como o acionamento automĂĄtico, por software, à distância pelo Centro de Operações da PM (Copom) e acionamento manual pelo próprio policial.
"O dispositivo possui capacidade tĂ©cnica para integrar as imagens com o Programa Muralha Paulista, alĂ©m da identificação de foragidos da Justiça", detalha nota da entidade. CrĂticas ao Muralha Paulista dizem que o programa aumenta a vigilância ostensiva sem critĂ©rios claros e reforça preconceitos em abordagens.
O critĂ©rio de distribuições das câmeras seguirĂĄ o protocolo adotado pela PolĂcia Militar, com base em tropas como a Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) e outros batalhões e regiões que possuem um maior nĂșmero de atuação em ocorrĂȘncias. Essas unidades estiveram presentes na maior parte das Operações Escudo, marcadas pelo aumento dos Ăndices de letalidade policial, que voltou a crescer no estado em 2023 depois de dois anos de quedas no estado.
Segundo o governo do estado, o novo contrato respeitarĂĄ as regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e as normas estabelecidas em maio desse ano pelo MinistĂ©rio da Justiça e Segurança PĂșblica. Essa adequação foi motivo de reunião entre o ministro LuĂs Roberto Barroso e o governador do estado, TarcĂsio de Freitas, no começo de junho, a portas fechadas, em BrasĂlia. Na ocasião a polĂcia paulista mudou as regras de gravações, determinando acionamento em todas as ocorrĂȘncias.
O edital foi questionado em julho, com denĂșncia de favorecimento à Motorola. Na ocasião, a SSP informou que cumpria rigorosamente as determinações da Lei Geral de Licitações e que o certame era acompanhado por órgãos de controle externo.