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Manaus,16/09/2024

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Processo sobre a morte de Djidja Cardoso revela agressões e torturas


Processo sobre a morte de Djidja Cardoso revela agressões e torturas

A Justiça do Amazonas suspendeu o sigilo do processo sobre a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, revelando novos detalhes sobre o crime. Djidja morreu por overdose de ketamina, e o caso, que conta com mais de 2 mil páginas, trouxe à tona relatos de maus-tratos e tortura praticados pela própria mãe, Cleusimar Cardoso.

Em depoimento à polícia, Luziene Queiroz, empregada doméstica de Djidja, afirmou que a jovem estava extremamente debilitada pelo uso da ketamina e que era torturada fisicamente por Cleusimar, mesmo diante dos pedidos da filha para que as agressões parassem.

“Cleusimar tinha um comportamento que por vezes machucava Djidja, como, por exemplo, assanhar os cabelos, beliscar e torcer o braço dela”, relatou Luziene. Ela acrescentou que Djidja estava fraca, mal conseguia se defender, e frequentemente pedia para a mãe parar com o comportamento agressivo.

Tentativas de ajuda e manipulação

A empregada revelou ainda que tentou conversar com Djidja para ajudá-la sair de casa, mas a gerente do salão de beleza da família, Verônica Seixas, teria influenciado a jovem a desistir da ideia. Segundo Luziene, essa intervenção impediu Djidja de fugir do ambiente abusivo.

Uso compartilhado de ketamina

Luziene também detalhou como Cleusimar distribuía a ketamina dentro de casa. A mãe, segundo o depoimento, usava a menor dose da substância. 

“Quando compravam a ketamina, eles se repartiam: 20 ml para Djidja, 20 ml para Ademar e 10 ml para Cleusimar. Ela ficava com a menor parte e dividia com quem chegava na casa”, explicou a empregada.

Ainda no depoimento prestado à polícia, a empregada doméstica também afirmou que a patroa chegou a lhe oferecer ketamina, sob o pretexto de "se elevar". Além disso, a testemunha contou que durante as limpezas que realizava na casa, chegou a encontrar diversas seringas espalhadas pela casa, e que inclusive se feriu em uma delas.

"A declarante chegou a ver 10 pessoas usando a cetamina e compartilhando a mesma seringa. Eles chamavam a cetamina de DJEY e o potenay de NAY", diz trecho do depoimento.

Relembre o caso

Djidja Cardoso, uma figura conhecida no cenário cultural do Amazonas como ex-sinhazinha do Boi Garantido, morreu sob circunstâncias que inicialmente foram tratadas de forma sigilosa pela Justiça. Com a recente suspensão do segredo de justiça, os relatos de abusos físicos e psicológicos sofridos pela jovem dentro da própria casa reforçam a gravidade da situação e a complexidade do caso.

A ex-sinhazinha foi encontrada morta em casa em 28 de maio, por overdose de cetamina, um anestésico com potencial de sedação e propriedades psicodélicas. O fármaco possui uso restrito e tem a comercialização controlada. O uso abusivo da substância está no centro da investigação que resultou na denúncia oferecida pelo Ministério Público contra familiares de Djidja Cardoso.

Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, estão presos desde maio. Outros dois réus também estão presos. Eles são suspeitos de criarem uma seita religiosa que incentivava o uso ilegal da droga. A Polícia Civil sustenta que os líderes do grupo persuadiam seguidores a acreditar que, ao usarem compulsivamente a cetamina, poderiam alcançar um plano espiritual superior.

O Ministério Público ainda pode oferecer outras denúncias relacionadas ao caso. Além de tráfico de drogas, a investigação abrange indícios de crimes como falsificação, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto induzido sem o consentimento da gestante, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal.

Dentro do processo por tráfico de drogas, a primeira audiência de instrução deve ocorrer em 4 de setembro. Na data, serão ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa e, por último, os acusados.
As investigações continuam para apurar a responsabilidade dos envolvidos e entender a dinâmica que levou à morte trágica de Djidja Cardoso.




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