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ONU e movimentos sociais denunciam detenções arbitrárias na Venezuela

Por Redação - [email protected]

13/08/2024 às 14:07:00 - Atualizado hĂĄ
 - Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

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O alto comissĂĄrio de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Volker TĂŒrk, voltou a denunciar, nesta terça-feira (13), o "alto e contĂ­nuo nĂșmero de detenções arbitrĂĄrias, bem como o uso desproporcional da força relatado após as eleições presidenciais" da Venezuela. Ele pediu ainda ajuda para a libertação imediata "de todos os que foram detidos arbitrariamente e garantias de julgamento justo para todos".

Nos primeiros dias após a eleição presidencial do paĂ­s sul-americano, TĂŒrk jĂĄ havia manifestado preocupação com as prisões em massa. Segundo a organização não governamental (ONG) venezuelana Foro Penal, ocorreram 1,3 mil prisões no contexto dos protestos pós-eleitorais. Segundo as autoridades venezuelanas, o nĂșmero Ă© ainda maior: 2,2 mil prisões no perĂ­odo.

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O comunicado da ONU diz que, na maioria dos casos documentados pelo Escritório de Direitos Humanos da organização, "os detidos não foram autorizados a nomear advogados de sua escolha ou a ter contato com suas famĂ­lias. Alguns desses casos equivaleriam a desaparecimentos forçados".

Por outro lado, o governo afirma que luta contra grupos criminosos pagos para promover o caos e abrir caminho para um golpe de Estado. O MinistĂ©rio PĂșblico venezuelano apresentou, nessa segunda-feira (12), dois informes detalhando as ações das forças policiais, destacando os casos de 25 assassinatos de policiais ou lideranças chavistas desde o dia 28 de julho, alĂ©m de 192 feridos por esses supostos grupos criminosos.

"Mais da metade, 97 feridos, pertencem às forças de segurança do Estado: 58 à PolĂ­cia Nacional Bolivariana, 32 à Guarda Nacional Bolivariana, seis à PolĂ­cia Estadual e um à PolĂ­cia CientĂ­fica", afirmou o fiscal-geral da Venezuela, Tarek William Saab.

Desde que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a vitória do presidente NicolĂĄs Maduro na eleição do dia 28 de julho sem apresentar os dados detalhados da votação por urna, protestos foram registrados em vĂĄrias partes do paĂ­s e denĂșncias de fraude tĂȘm questionado a reeleição de Maduro dentro e fora da Venezuela.

Movimentos sociais

Organizações sociais venezuelanas tambĂ©m se manifestaram nos Ășltimos dias sobre as prisões desde o dia 28 de julho. A Frente DemocrĂĄtica Popular - que reĂșne nove organizações, entre elas o Partido Comunista da Venezuela (PCV) - divulgou comunicado ontem (12), condenando a repressão policial e militar dos Ășltimos dias.

"Detenções arbitrĂĄrias e ativistas sociais e dirigentes polĂ­ticos incomunicĂĄveis se tornaram notĂ­cia diĂĄria nas duas Ășltimas semanas", diz o informe, que tambĂ©m pede que o governo "se abstenha de seguir reprimindo o povo, seja atravĂ©s de armas ou de acusações infundadas".

Para o Coletivo de Direitos Humanos Surgentes, a maioria dos protestos foi pacĂ­fica. "Perante esses acontecimentos, a resposta do governo nacional tem sido, em termos gerais, criminalizar o protesto, sem diferenciar entre protestos majoritĂĄrios e pacĂ­ficos e protestos minoritĂĄrios e violentos", afirma.

O ComitĂȘ de Familiares e Amigos pela Liberdade dos Trabalhadores Presos se manifestou, tambĂ©m nessa segunda-feira (13), afirmando que hĂĄ detidos que não podem se comunicar com seus familiares por vĂĄrios dias, alĂ©m de relatos de prisões realizadas em domicĂ­lios sem ordem judicial.

"Graças às informações publicadas nas redes sociais e aos depoimentos de familiares das vĂ­timas, pudemos saber que durante e após as manifestações pós-eleitorais, os detidos não foram autorizados a ter defesa privada, sendo imposta em todos os casos uma defesa pĂșblica. AlĂ©m disso, foram violados os lapsos processuais, o que representa clara violação do devido processo legal, da presunção de inocĂȘncia e do direito de ser julgado livremente", afirma a organização.

O comitĂȘ condenou a repressão estatal, que "ainda não acabou", e criticou a versão do governo de que os atos contra o resultado eleitoral são terrorismo. "Na maior parte, [os protestos] tiveram natureza espontânea e pacĂ­fica. Acusam os jovens que deles participam de serem viciados em drogas, bandidos e terroristas".

As trĂȘs organizações citadas tambĂ©m condenaram os assassinatos e a violĂȘncia contra lideranças do PSUV (partido do governo), alĂ©m dos ataques às sedes do partido governista, a rĂĄdios comunitĂĄrias e outros prĂ©dios pĂșblicos por parte de manifestantes.

"HĂĄ relatos de casas chavistas que foram marcadas por opositores. Isso Ă© inaceitĂĄvel e repudiamos totalmente, assim como repudiamos qualquer expressão de ódio contra o setor do povo trabalhador que se diz chavista", destacou o ComitĂȘ pela Liberdade dos Trabalhadores Presos.

Falso Positivo?

Na Ășltima sexta-feira (9), o defensor de direitos humanos Koddy Campos filmou o que seria sua prisão por policiais e transmitiu a cena ao vivo em uma rede social. Campos pede a ordem de captura contra ele. Ao final, ele não foi detido. O caso viralizou nas redes venezuelanas e foi compartilhado pela liderança da oposição MarĂ­a Corina Machado.

Ontem (13), o dirigente chavista Diosdado Cabello acusou Campos de produzir um "falso positivo" e afirmou que não havia operação policial naquele local no momento. Segundo Cabello, Koddy Campos encenou uma suposta tentativa de prendĂȘ-lo. "Puseram um capuz em alguĂ©m como se fosse membro de organismo de segurança", disse.

"Terroristas"

O governo de NicolĂĄs Maduro sustenta que as prisões são justificadas e que, na maioria dos casos, são grupos pagos para atacar lideranças ligadas ao governo ou prĂ©dios pĂșblicos, escolas, e sedes do PSUV, com o objetivo de promover um golpe de Estado.

O chefe do MinistĂ©rio PĂșblico venezuelano, Tarek William Saab, fez um balanço nessa segunda-feira (12) e disse que, nos Ășltimos dias, foram atacadas 28 escolas, alĂ©m de 12 universidades, 10 sedes do Poder Eleitoral, 10 sedes do PSUV, alĂ©m de prefeituras, 38 paradas de ônibus, 10 comandos de polĂ­cias, entre outros bens pĂșblicos e privados, o que incluiria 27 monumentos e estĂĄtuas pĂșblicas, entre outros locais.

"Nesses dois relatórios com anexos - que estou convencido que [apresentĂĄ-los] Ă© nosso dever institucional, não só mostrar perante este conselho, mas perante o mundo, perante as organizações internacionais - obviamente tĂȘm os seus meios de prova com a sua expertise em vĂ­deos, fotos e depoimentos que nos fala claramente sobre esse plano [insurrecional]", destacou.

O fiscal-geral da Venezuela destacou o caso do assassinato de Mayauri Coromoto Silva Vielma, de 49 anos, liderança popular chavista que trabalhava no municĂ­pio de Mariño, no estado Aragua. Ele voltava de uma marcha de apoio ao governo no dia 3 de agosto com sua filha, neta e vizinhos, quando foi alvejado por trĂȘs tiros.

De acordo com Tarek, cinco pessoas foram presas acusadas de participar do homicĂ­dio. "Um crime de ódio baseado no ataque e na tentativa de exterminar pessoas devido à sua orientação polĂ­tica", afirmou.

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