"Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligĂȘncia e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens pĂșblicos", escreveu.
"Durante 30 anos eu fiz crĂticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em polĂticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das polĂticas econômicas daquele perĂodo. Quando o adversĂĄrio polĂtico Ă© inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes", disse o presidente Lula.
Delfim Netto foi deputado federal na Constituinte de 1987 a 1991 pelo Partido DemocrĂĄtico Social, sucessor da Arena. Posteriormente, elegeu-se cinco vezes deputado federal pelo estado de São Paulo e permaneceu representante na Câmara atĂ© 2007.
O presidente do Congresso Nacional e do Senado, Rodrigo Pacheco, tambĂ©m prestou suas condolĂȘncias aos familiares e amigos do ex-deputado federal. "Profundo conhecedor das ciĂȘncias econômicas, ocupou papel altivo na história do Brasil desde 1967, quando se tornou, aos 38 anos, o mais jovem ministro do paĂs", escreveu.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, lembrou que ele e Delfim Netto foram deputados no mesmo perĂodo e estiveram juntos na Comissão de Economia, "onde havia um debate qualificado sobre as polĂticas de desenvolvimento nacional".
"Apesar de termos tido divergĂȘncias polĂticas e no próprio debate econômico ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e o crescimento da economia e, mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar - tendo liderado o chamado "milagre brasileiro" -, apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores", destacou, lembrando ainda do "profundo compromisso" do ex-professor com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (Fea-USP), onde Mercadante fez sua graduação.
Delfim Netto foi ministro da Fazenda de 1967 a 1974, quando o Brasil experimentou forte expansão econômica, perĂodo conhecido como "milagre econômico". TambĂ©m foi ministro do Planejamento entre 1979 e 1985.
Em nota, o MinistĂ©rio da Fazenda afirmou que o economista foi um referencial em diferentes fases da história do paĂs. "Por dĂ©cadas, fomentou debates essenciais sobre a condução da polĂtica econômica brasileira. Neste momento de luto, os servidores do ministĂ©rio da Fazenda manifestam respeito e solidariedade aos familiares e amigos de Delfim Netto".
LuĂs Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tambĂ©m lamentou o falecimento e lembrou a atuação do economista nos governos após a redemocratização. "Delfim Netto prestou serviços ao Brasil em diferentes momentos históricos. Nos perĂodos mais recentes após a redemocratização, foi conselheiro econômico de mais de um governo e atuou em projetos de inclusão social que levaram ao desenvolvimento econômico do paĂs".
Entre outras autoridades que fizeram manifestações sobre a morte do economista, o ministro do STF Dias Toffoli afirmou que Delfim Netto foi uma personalidade muito importante na história brasileira dos Ășltimos 60 anos e que foi seu "brilhantismo intelectual" que levou-o aos altos cargos na esfera pĂșblica.
"Sua tese de livre-docĂȘncia foi sobre a economia do cafĂ© e, atĂ© por consequĂȘncia disso, foi um dos mentores da Embrapa, instituição com papel inegĂĄvel na revolução agrĂcola brasileira. Ele foi, portanto, visionĂĄrio na revalorização de um dos pilares da economia nacional no sĂ©culo XXI", escreveu em nota. "Conselheiro de vĂĄrios presidentes da RepĂșblica após a redemocratização, soube valorizar as polĂticas de distribuição de renda e de inclusão social. Sua atuação no perĂodo mais duro do regime militar deverĂĄ ser lembrada, mas Ă© inegĂĄvel que o Brasil perdeu hoje um de seus maiores intelectuais e pensador da nação brasileira", completou o jurista.
Desde o dia 5 de agosto, Delfim Netto estava internado por complicações de saĂșde, no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.
* MatĂ©ria atualizada às 14h05 para incluir a manifestação do presidente do STF, LuĂs Roberto Barroso.