PolĂ­tica

Presidente Lula lamenta a morte do ex-ministro Delfim Netto

Por Redação - [email protected]

13/08/2024 às 08:18:00 - Atualizado hĂĄ
 - Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

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O presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva manifestou pesar pela morte do economista e ex-ministro Antônio Delfim Netto, nesta segunda-feira (12), aos 96 anos, em São Paulo. Em nota, Lula lembrou tambĂ©m da morte da economista Maria da Conceição Tavares, em junho, e afirmou que o Brasil perdeu "duas referĂȘncias do debate econômico no paĂ­s".

"Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligĂȘncia e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens pĂșblicos", escreveu.

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Nascido em São Paulo, em maio de 1928, Delfim Netto foi economista, professor e teve cargos durante os governos do regime militar no Brasil, entre eles os de ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento. Foi um dos signatĂĄrios do Ato Institucional nĂșmero 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, considerado o decreto mais duro após o golpe militar de 1964, para suspender direitos e garantias individuais.

"Durante 30 anos eu fiz crĂ­ticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em polĂ­ticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das polĂ­ticas econômicas daquele perĂ­odo. Quando o adversĂĄrio polĂ­tico Ă© inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes", disse o presidente Lula.

Delfim Netto foi deputado federal na Constituinte de 1987 a 1991 pelo Partido DemocrĂĄtico Social, sucessor da Arena. Posteriormente, elegeu-se cinco vezes deputado federal pelo estado de São Paulo e permaneceu representante na Câmara atĂ© 2007.

O presidente do Congresso Nacional e do Senado, Rodrigo Pacheco, tambĂ©m prestou suas condolĂȘncias aos familiares e amigos do ex-deputado federal. "Profundo conhecedor das ciĂȘncias econômicas, ocupou papel altivo na história do Brasil desde 1967, quando se tornou, aos 38 anos, o mais jovem ministro do paĂ­s", escreveu.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, lembrou que ele e Delfim Netto foram deputados no mesmo perĂ­odo e estiveram juntos na Comissão de Economia, "onde havia um debate qualificado sobre as polĂ­ticas de desenvolvimento nacional".

"Apesar de termos tido divergĂȘncias polĂ­ticas e no próprio debate econômico ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e o crescimento da economia e, mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar - tendo liderado o chamado "milagre brasileiro" -, apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores", destacou, lembrando ainda do "profundo compromisso" do ex-professor com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (Fea-USP), onde Mercadante fez sua graduação.

Delfim Netto foi ministro da Fazenda de 1967 a 1974, quando o Brasil experimentou forte expansão econômica, perĂ­odo conhecido como "milagre econômico". TambĂ©m foi ministro do Planejamento entre 1979 e 1985.

Em nota, o MinistĂ©rio da Fazenda afirmou que o economista foi um referencial em diferentes fases da história do paĂ­s. "Por dĂ©cadas, fomentou debates essenciais sobre a condução da polĂ­tica econômica brasileira. Neste momento de luto, os servidores do ministĂ©rio da Fazenda manifestam respeito e solidariedade aos familiares e amigos de Delfim Netto".

LuĂ­s Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tambĂ©m lamentou o falecimento e lembrou a atuação do economista nos governos após a redemocratização. "Delfim Netto prestou serviços ao Brasil em diferentes momentos históricos. Nos perĂ­odos mais recentes após a redemocratização, foi conselheiro econômico de mais de um governo e atuou em projetos de inclusão social que levaram ao desenvolvimento econômico do paĂ­s".

Entre outras autoridades que fizeram manifestações sobre a morte do economista, o ministro do STF Dias Toffoli afirmou que Delfim Netto foi uma personalidade muito importante na história brasileira dos Ășltimos 60 anos e que foi seu "brilhantismo intelectual" que levou-o aos altos cargos na esfera pĂșblica.

"Sua tese de livre-docĂȘncia foi sobre a economia do cafĂ© e, atĂ© por consequĂȘncia disso, foi um dos mentores da Embrapa, instituição com papel inegĂĄvel na revolução agrĂ­cola brasileira. Ele foi, portanto, visionĂĄrio na revalorização de um dos pilares da economia nacional no sĂ©culo XXI", escreveu em nota. "Conselheiro de vĂĄrios presidentes da RepĂșblica após a redemocratização, soube valorizar as polĂ­ticas de distribuição de renda e de inclusão social. Sua atuação no perĂ­odo mais duro do regime militar deverĂĄ ser lembrada, mas Ă© inegĂĄvel que o Brasil perdeu hoje um de seus maiores intelectuais e pensador da nação brasileira", completou o jurista.

Desde o dia 5 de agosto, Delfim Netto estava internado por complicações de saĂșde, no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

* MatĂ©ria atualizada às 14h05 para incluir a manifestação do presidente do STF, LuĂ­s Roberto Barroso.

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