
Pedido é uma resposta a recurso apresentado pelo presidente para que a Corte confirme a suposta reeleição. Oposição considera que análise não é competência do tribunal. Maduro falou à imprensa nesta quarta (31) sobre as suspeitas que cercam a eleição realizada no domingo
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A Suprema Corte da Venezuela, controlada pelo chavismo, pediu nesta sexta-feira (2) ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que entregue as atas de votação das eleições de 28 de julho, em que o presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor pelo órgão, que é responsável pelas eleições no país e presidido por um aliado do presidente.
O pedido é uma resposta ao recurso apresentado por Maduro para que a Corte confirme a suposta reeleição. A oposição critica e considera que a análise não é competência do tribunal e é mais uma tentativa de validar a contestada eleição. As atas eleitorais não foram divulgadas até o momento.
A Sala Eleitoral da Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), de linha governista, solicitou as "atas de votação das mesas eleitorais em nível nacional" e a "ata de totalização definitiva", além das de atribuição da vitória a Maduro, segundo comunicado da máxima corte do país.
O CNE ratificou nesta sexta-feira Maduro como vencedor das eleições, com 52% dos votos, contra 43% para o opositor Edmundo González Urrutia. A autoridade eleitoral ainda não divulgou os resultados detalhados, alegando que seu sistema foi hackeado.
Segundo contagem paralela da oposição, González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
"Uma vez que constitui um fato público, notório e comunicacional o ataque cibernético denunciado contra o sistema de informática do Conselho Nacional Eleitoral, solicitam-se ao máximo órgão eleitoral todos os elementos de prova associados a tal evento", informou o TSJ.
Entenda a crise
A Venezuela mergulhou em um impasse político e social após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter declarado o atual presidente, Nicolás Maduro, reeleito na eleição do último domingo, 28 de julho, e a oposição alegar ter havido fraude.
Manifestações eclodiram por todo o país, deixando dezenas de mortos e de feridos, segundo ONGs, e mais de 1.000 presos, segundo o Ministério Público venezuelano.
Maduro disse que os líderes da oposição, González e María Corina Machado, "têm que estar atrás das grades" e colocou as Forças Armadas nas ruas para coibir protestos contra o governo.
Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta (1º) que reconhecem a vitória de González na eleição. Os EUA foram seguidos por países sulamericanos nesta sexta. Veja abaixo quais são os países que anunciaram o reconhecimento da vitória de Edmundo González:
Estados Unidos
Argentina
Uruguai
Equador
Costa Rica
Panamá
Peru
Brasil, Colômbia e México emitiram uma nota conjunta na quinta-feira (1º) pedindo a divulgação de todas as atas eleitorais na Venezuela e solução da desavença pelas "vias institucionais".
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