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Comunicação pública deve ser plural, pautar o racismo e focar no povo

Por Redação - [email protected]

28/07/2024 às 09:55:00 - Atualizado hĂĄ
 - Foto: agenciabrasil.ebc.com.br
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A comunicação pĂșblica tem a obrigação de pautar temas como racismo e machismo e deve ser feita por pessoas de origens e condições diversas, alĂ©m de focar na população e receber o financiamento adequado.

A avaliação Ă© de trĂȘs jornalistas convidadas pelo Festival Latinidades 2024 para debater, nesta sexta-feira (26), em BrasĂ­lia, o tema Mulheres Negras na MĂ­dia: Inovação e Impacto na Comunicação PĂșblica.

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A jornalista Luciana Barreto, âncora do Repórter Brasil, jornal da TV Brasil, destacou que jĂĄ trabalhou na mĂ­dia privada e que, enquanto nas emissoras comerciais existe o interesse do lucro e da audiĂȘncia, na mĂ­dia pĂșblica o patrão deve ser o povo.
BrasĂ­lia, (DF), 26.07.2024 - Entrega do PrĂȘmio Jacira Silva, no Festival Latinidades 2024. Foto: Valter Campanato/AgĂȘncia Brasil
Jornalista Luciana Barreto, âncora do telejornal Repórter Brasil. Foto: Valter Campanato/AgĂȘncia Brasil

"A gente vĂȘ que os veĂ­culos [privados] tĂȘm seus interesses outros, de lobby, muitas vezes. São interesses econômicos porque precisam ganhar dinheiro. São interesses de audiĂȘncia que tĂȘm a ver com o econômico. A relevância [de uma notĂ­cia] não Ă© sempre o fundamental para uma comunicação privada, não se pauta apenas o que Ă© relevante, mas se ela dĂĄ audiĂȘncia. Esse Ă© um dos parâmetros", explicou.

A mĂ­dia pĂșblica, na visão da jornalista, tem que se pautar por outros parâmetros. "[Na mĂ­dia pĂșblica] meu patrão Ă© o povo. Tenho que falar com o povo e para o povo. E aĂ­, meu olhar sobre relevância tem a ver com o meu patrão. O que Ă© relevante para o meu patrão? Pautas fundamentais para esse paĂ­s são tratadas na comunicação pĂșblica", destacou.

A apresentadora da TV Brasil lembrou ainda que o financiamento da comunicação pĂșblica Ă© fundamental. "Fico muito feliz quando a comunicação pĂșblica tem o financiamento que ela merece. ?? muito simples. A gente consegue cobrir um evento como esse aqui porque a gente tem gasolina no carro, porque a gente tem equipe trabalhando", concluiu.

Para a jornalista Joyce Ribeiro, que apresenta o Jornal da Tarde, da TV Cultura, outro veĂ­culo pĂșblico ligado ao governo de São Paulo, o jornalismo pĂșblico deve representar a pluralidade da sociedade brasileira nas suas redações.

"Vejo o jornalismo pĂșblico como um espaço que deve trazer a diversidade, a pluralidade de uma forma ainda mais obstinada", disse, acrescentando que a diversidade deve ser de raça, classe social, idade, entre outras.

"Olhar para a nossa vivĂȘncia negra, para a nossa produção negra, com as nossas caracterĂ­sticas, com o nosso jeito de entender o mundo, que passou por todo o nosso histórico de formação desse paĂ­s e que vai, num veĂ­culo de comunicação, ser observado da nossa maneira", afirmou.

Para a jornalista colombiana Mabel Lorena Lara, especialista em diversidade, equidade e inclusão, a comunicação pĂșblica tem a obrigação de pautar temas como racismo, machismo e sexismo.

"Em nossos paĂ­ses, em sociedades que necessitam gerar discussões sobre os "ismos"; o racismo, machismo, classismo e sexismo, Ă© a obrigação da comunicação pĂșblica [para esses temas] e Ă© a obrigação da comunicação em paĂ­ses da AmĂ©rica Latina", destacou.

Comunicação PĂșblica

No Brasil, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que controla a AgĂȘncia Brasil, Ă© a responsĂĄvel por gerir os veĂ­culos pĂșblicos federais do paĂ­s. Criada em 2007, a EBC atende ao Artigo 223 da Constituição Federal que determina que o serviço de radiodifusão deve observar o princĂ­pio da complementaridade entre os sistemas privado, pĂșblico e estatal de comunicação.

AlĂ©m da AgĂȘncia Brasil, a EBC administra a TV Brasil e as rĂĄdios EBC, como a RĂĄdio Nacional e a RĂĄdio Nacional da Amazônia.

Negras na mĂ­dia

BrasĂ­lia, (DF), 26.07.2024 - Entrega do PrĂȘmio Jacira Silva, no Festival Latinidades 2024. Foto: Valter Campanato/AgĂȘncia Brasil
A gerente da AgĂȘncia Brasil, Juliana CĂ©zar Nunes, recebeu o PrĂȘmio Jacira da Silva, no Festival Latinidades 2024. Foto: Valter Campanato/AgĂȘncia Brasil

AlĂ©m do debate sobre a participação de mulheres negras na mĂ­dia, o Festival Latinidades 2024 e o Instituto Commbne criaram o PrĂȘmio Jacira da Silva, em homenagem à jornalista que foi a primeira negra a assumir a presidĂȘncia do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, e fundou a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/DF).

Na categoria Jornalistas Negras, a gerente da AgĂȘncia Brasil, Juliana CĂ©zar Nunes, recebeu o prĂȘmio ao lado de nomes como Maju Coutinho, da Rede Globo, e BasĂ­lia Rodrigues, da CNN.

Na categoria MĂ­dias Negras, foram premiadas a Revista Afirmativa, a agĂȘncia de notĂ­cias Alma Preta, o Instituto Cultne, o Mundo Negro, e o Africanize, veĂ­culos de comunicação que priorizam e dão visibilidade às pautas ligadas à população negra brasileira.

O debate e a premiação foram realizados pelo Instituto Afrolatinas em parceria com o Instituto Commbne (Comunicação baseada em inovação, raça e etnia) e com apoio da Empresa Brasil de Comunicação.

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