A avaliação Ă© de trĂȘs jornalistas convidadas pelo Festival Latinidades 2024 para debater, nesta sexta-feira (26), em BrasĂlia, o tema Mulheres Negras na MĂdia: Inovação e Impacto na Comunicação PĂșblica.
"A gente vĂȘ que os veĂculos [privados] tĂȘm seus interesses outros, de lobby, muitas vezes. São interesses econômicos porque precisam ganhar dinheiro. São interesses de audiĂȘncia que tĂȘm a ver com o econômico. A relevância [de uma notĂcia] não Ă© sempre o fundamental para uma comunicação privada, não se pauta apenas o que Ă© relevante, mas se ela dĂĄ audiĂȘncia. Esse Ă© um dos parâmetros", explicou.
A mĂdia pĂșblica, na visão da jornalista, tem que se pautar por outros parâmetros. "[Na mĂdia pĂșblica] meu patrão Ă© o povo. Tenho que falar com o povo e para o povo. E aĂ, meu olhar sobre relevância tem a ver com o meu patrão. O que Ă© relevante para o meu patrão? Pautas fundamentais para esse paĂs são tratadas na comunicação pĂșblica", destacou.
A apresentadora da TV Brasil lembrou ainda que o financiamento da comunicação pĂșblica Ă© fundamental. "Fico muito feliz quando a comunicação pĂșblica tem o financiamento que ela merece. ?? muito simples. A gente consegue cobrir um evento como esse aqui porque a gente tem gasolina no carro, porque a gente tem equipe trabalhando", concluiu.
Para a jornalista Joyce Ribeiro, que apresenta o Jornal da Tarde, da TV Cultura, outro veĂculo pĂșblico ligado ao governo de São Paulo, o jornalismo pĂșblico deve representar a pluralidade da sociedade brasileira nas suas redações.
"Vejo o jornalismo pĂșblico como um espaço que deve trazer a diversidade, a pluralidade de uma forma ainda mais obstinada", disse, acrescentando que a diversidade deve ser de raça, classe social, idade, entre outras.
"Olhar para a nossa vivĂȘncia negra, para a nossa produção negra, com as nossas caracterĂsticas, com o nosso jeito de entender o mundo, que passou por todo o nosso histórico de formação desse paĂs e que vai, num veĂculo de comunicação, ser observado da nossa maneira", afirmou.
Para a jornalista colombiana Mabel Lorena Lara, especialista em diversidade, equidade e inclusão, a comunicação pĂșblica tem a obrigação de pautar temas como racismo, machismo e sexismo.
"Em nossos paĂses, em sociedades que necessitam gerar discussões sobre os "ismos"; o racismo, machismo, classismo e sexismo, Ă© a obrigação da comunicação pĂșblica [para esses temas] e Ă© a obrigação da comunicação em paĂses da AmĂ©rica Latina", destacou.
No Brasil, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que controla a AgĂȘncia Brasil, Ă© a responsĂĄvel por gerir os veĂculos pĂșblicos federais do paĂs. Criada em 2007, a EBC atende ao Artigo 223 da Constituição Federal que determina que o serviço de radiodifusão deve observar o princĂpio da complementaridade entre os sistemas privado, pĂșblico e estatal de comunicação.
AlĂ©m da AgĂȘncia Brasil, a EBC administra a TV Brasil e as rĂĄdios EBC, como a RĂĄdio Nacional e a RĂĄdio Nacional da Amazônia.
AlĂ©m do debate sobre a participação de mulheres negras na mĂdia, o Festival Latinidades 2024 e o Instituto Commbne criaram o PrĂȘmio Jacira da Silva, em homenagem à jornalista que foi a primeira negra a assumir a presidĂȘncia do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, e fundou a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/DF).
Na categoria Jornalistas Negras, a gerente da AgĂȘncia Brasil, Juliana CĂ©zar Nunes, recebeu o prĂȘmio ao lado de nomes como Maju Coutinho, da Rede Globo, e BasĂlia Rodrigues, da CNN.
Na categoria MĂdias Negras, foram premiadas a Revista Afirmativa, a agĂȘncia de notĂcias Alma Preta, o Instituto Cultne, o Mundo Negro, e o Africanize, veĂculos de comunicação que priorizam e dão visibilidade às pautas ligadas à população negra brasileira.
O debate e a premiação foram realizados pelo Instituto Afrolatinas em parceria com o Instituto Commbne (Comunicação baseada em inovação, raça e etnia) e com apoio da Empresa Brasil de Comunicação.