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Escolas de samba se despedem da carnavalesca Rosa Magalhães

Por Redação - [email protected]

26/07/2024 às 17:13:00 - Atualizado hĂĄ
 - Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

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Escolas de samba e personalidades prestam homenagens para a carnavalesca Rosa Magalhães, dona de sete tĂ­tulos do carnaval carioca. Ela morreu, no Rio de Janeiro, na noite dessa quinta-feira (25), aos 77 anos. A confirmação da morte foi feita pela escola de samba ImpĂ©rio Serrano, pela qual Rosa foi campeã em 1982. Rosa sofreu um infarto em sua casa.

"Com tristeza, a ImpĂ©rio Serrano recebeu a notĂ­cia do falecimento da carnavalesca Rosa Magalhães, aos 77 anos, nesta noite", informou a escola.

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"Fica aqui a nossa gratidão por tudo que vocĂȘ, Rosa, fez pelo carnaval, pela contribuição à nossa história e à arte", completa a agremiação.

O velório serĂĄ aberto ao pĂșblico no PalĂĄcio da Cidade, sede da prefeitura do Rio, em Botafogo, 12h às 16h. O sepultamento serĂĄ restrito a familiares e amigos, no cemitĂ©rio São João Batista, tambĂ©m em Botafogo, às 16h30.

Rosa tinha mais de 50 anos dedicado à arte. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), ao lamentar a morte, afirmou que Rosa Magalhães "fez história" no carnaval.

O título de 1982 com o Império Serrano fez o enredo "Bum Bum Paticumbum Prugurundum" figurar entre um dos mais famosos do carnaval carioca.

Na Imperatriz Leopoldinense, a amante do carnaval conseguiu fazer a escola atingir a supremacia por anos seguidos. Conquistou o bicampeonato de 1994 e 1995 e o tricampeonato de 1999, 2000 e 2001.

"Falar de Rosa Magalhães Ă© falar da história da Imperatriz, tendo em vista que, de sete tĂ­tulos conquistados pela professora, cinco foram em nossa agremiação", publicou no X (antigo Twitter), a Imperatriz Leopoldinense.

"Neste momento, faltam palavras para definir a grandeza de Rosa e de toda a sua trajetória não só no carnaval, mas em toda a sua carreira, ao longo dos mais de 50 anos de trabalhos dedicados à arte. Rosa promoveu desfiles inesquecĂ­veis aos olhos do pĂșblico e de toda a crĂ­tica, e sempre estarĂĄ marcada por sua elegância, pela entrega magistral em seus trabalhos, e, principalmente, por sua brasilidade nas histórias que contou ao longo de todo esse tempo", completou a Imperatriz Leopoldinense.

O Ășltimo campeonato da carnavalesca foi em 2013, comandando o carnaval da Unidos de Vila Isabel. "Viva Rosa Magalhães", postou nas redes sociais a Vila Isabel após a notĂ­cia da morte.

"Se o carnaval carioca alcançou a primazia como grande espetĂĄculo visual muito se deve a Rosa. Nossa escola tem por ela uma gratidão imensurĂĄvel por ser um gĂȘnio artĂ­stico à frente do nosso Ășltimo campeonato em 2013", publicou a escola da zona norte do Rio de Janeiro, acrescentando que ela "projetou o seu talento e profissionalismo para alĂ©m da Avenida".

Era Sambódromo

Rosa Ă© a maior carnavalesca da Era Sambódromo, que começou com a inauguração da Passarela do Samba, em 1984. A Ășltima participação dela foi em 2023, na escola ParaĂ­so do Tuiuti.

Uma das curiosidades Ă© que ela gostava de fazer e participar dos desfiles para, em algumas vezes, se misturar com os componentes, sem necessariamente se fazer perceber. Era uma forma de sentir a evolução da escola e a reação do pĂșblico.

AlĂ©m de levar a magia de fantasias e adereços para a MarquĂȘs de SapucaĂ­, Rosa Magalhães ditou o espetĂĄculo de cores e movimentos na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e na festa de encerramento das OlimpĂ­adas de 2016, ambas no Rio de Janeiro. A celebração de 2007 rendeu para a carnavalesca o prĂȘmio Emmy de melhor figurino.

Legado

Carnavalescos viam em Rosa mais que uma competidora. Ela era também uma "professora", disse Alexandre Louzada, dono de seis títulos na elite do carnaval carioca e dois no carnaval paulista.

"Eu realmente tinha intenção de fazer um enredo sobre ela. Quando nos encontramos, ela sempre brincava que não queria enquanto ela estivesse competindo. Eu dizia que ela estava com medo de perder para ela mesmo", contou em mensagem enviada à AgĂȘncia Brasil.

Dono de trĂȘs tĂ­tulos no Grupo Especial do carnaval do Rio, incluindo um com a Imperatriz Leopoldinense em 2023, Leandro Vieira disse que, no futuro, não haverĂĄ "desfile que não tenha uma espĂ©cie de assinatura da professora".

"A Rosa vive e viverĂĄ em cada carnavalesco que insistir em fazer carnaval. Seu nome vai viver em cada história bem contada, em cada fantasia vestida, em cada alegoria que flerte com a inteligĂȘncia e a beleza. Seu nome Ă© uma espĂ©cie de verbete daquilo que determina o que Ă©, o que faz e para que serve um carnavalesco", complementou.

André Rodrigues, carnavalesco da Portela, observou que Rosa era uma "realidade fundadora" do carnaval.

"Ela fundou um outro tipo de ver e fazer carnaval. Carnaval Ă© mutĂĄvel e uma dessas transformações aconteceram graças [ao talento] de Rosa. Ela aprofunda a escola de samba de uma maneira muito bonita e poĂ©tica", afirmou. "Nós somos hoje o legado dela", completou.

Gabriel Haddad, carnavalesco campeão com a Beija-Flor em 2022, considera que a obra de Rosa, que era formada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ă© "eterna".

"Rosa foi uma referĂȘncia, vai ser uma referĂȘncia ainda para muitas e muitas gerações de pessoas que trabalham com a arte brasileira. O carnaval Ă© uma arte que só a gente sabe fazer e Rosa foi uma das maiores de todas", declarou.

A trajetória dessa carioca no carnaval começou pela escola de samba AcadĂȘmicos do Salgueiro. A agremiação homenageou a carnavalesca nas redes sociais e lembrou o inĂ­cio da carreira dela.

"Em 1971, o barracão do Salgueiro ficava em um quintal em Botafogo. Entre os nomes presentes estavam Joãosinho Trinta, LĂ­cia Lacerda, Maria Augusta e Rosa Magalhães, que começou sua carreira ali, junto a um pequeno time de artistas e dois assistentes. Com a ajuda do mentor Fernando Pamplona, Rosa ingressou no mundo do carnaval durante aulas na Escola de Belas Artes", publicou.

"Rosa Magalhães teve uma trajetória marcante no Salgueiro, não apenas iniciando sua carreira na escola, mas tambĂ©m atuando como carnavalesca em 1990 e 1991. Seu estilo barroco Ășnico no carnaval, inspirado e transformado pelos mestres Arlindo Rodrigues e Joãosinho Trinta, redefiniu a linguagem carnavalesca, combinando história e luxo em desfiles inesquecĂ­veis", finalizou.

Rio de Janeiro (RJ), 26.07.2024 - Rosa Magalhães participando de desfile em cima de um carro alegórico da Portela em enredo assinado pela artista. Foto: Cristina Indio do Brasil/AgĂȘncia Brasil
Rosa Magalhães desfilou em carro alegórico da Portela, cujo enredo ela assinou - foto - Cristina Indio do Brasil/AgĂȘncia Brasil

Uma mente brilhante

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, classificou Rosa como "uma das mentes mais brilhantes da nossa maior manifestação cultural [o carnaval]." Ele acrescentou que a história da carnavalesca se confunde com a do próprio carnaval. "De um jeito Ășnico, ela encantou a todos nós com sua capacidade de materializar sonhos na avenida, de contar histórias de um jeito Ășnico e emocionar quem assistia", escreveu o prefeito.

O jornalista e escritor FĂĄbio Fabato, especialista em carnaval, chamou a artista de "maior fazedora de festas populares" e a equiparou a artistas como Tarsila do Amaral e Cândido Portinari.

"AtravĂ©s da arte de Rosa Magalhães, atravĂ©s de suas criações, nós nos descobrimos mais brasileiros, jĂĄ que ela foi uma investigadora profunda de causos e curiosidades na nossa cultura que, muitas vezes, os livros didĂĄticos não contam", declarou.

Ele disse que ela se mantinha ativa intelectualmente, escrevia um livro sobre os Ășltimos carnavais e estava envolvida com uma peça de teatro infantil.

*MatĂ©ria ampliada às 9h54 para acrĂ©scimo de informações.

*MatĂ©ria ampliada às 11h23 para acrĂ©scimo de informações.

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