Na categoria Jornalistas Negras, a gerente da AgĂȘncia Brasil, Juliana CĂ©zar Nunes, receberĂĄ o prĂȘmio ao lado de nomes como Maju Coutinho, da Rede Globo, e BasĂlia Rodrigues, da CNN.
Jacira foi a primeira negra a assumir a presidĂȘncia do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, e fundou a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira/DF). Atualmente, Ă© diretora de Condições de Trabalho e Qualidade de Vida do Sindicato.
Considerado o maior festival de mulheres negras da AmĂ©rica Latina, o Festival Latinidades em BrasĂlia acontece atĂ© amanhã (27), no Museu da RepĂșblica. O evento tem apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Confira a programação.
A programação do festival inclui um debate hoje sobre a participação de mulheres negras na mĂdia. A ideia Ă© fazer pensar as possibilidades de futuro com mais participação das mulheres negras em diferentes processos comunicacionais.
Para Jacira, apesar de estarem em menor nĂșmero nas redações brasileiras, a presença de mulheres negras traz uma nova perspectiva para o jornalismo.
"Hoje, fruto da luta do movimento negro organizado no Brasil, nós mulheres negras estamos na TV, no rĂĄdio, nas redes como nós somos. Do jeito que a gente quer se vestir, quer se pentear. Com a nossa autoestima e com a nossa história, dos nossos ancestrais, das nossas famĂlias. E sem ser exótico, e sim sermos quem nós somos, com o nosso cabelo crespo, o nosso cabelo para cima, solto, trançado com o nosso nariz chato e com a nossa pele negra. Mas a gente ainda continua sendo uma ou duas, contando nos dedos."
Jacira começou a cursar comunicação após quatro tentativas de entrar na Universidade de BrasĂlia (UnB). "Eu não passava porque trabalhava, tinha dois empregos, sempre fui de escola pĂșblica. Mas não desisti do que eu queria ser". Assim, ela ingressou em uma faculdade privada, apesar da dificuldade de pagar a mensalidade. "Foi uma grande dificuldade de pagamento, tinha semestre que eu não tinha como pagar, aĂ negociava lĂĄ na direção."
Iniciou a carreira como revisora da grĂĄfica do Congresso Nacional. Em sua trajetória profissional, passou por redações como do Correio Braziliense e do Jornal de BrasĂlia, alĂ©m de rĂĄdios e jornais comunitĂĄrios. TambĂ©m atuou na assessoria de imprensa do MinistĂ©rio da Educação e da Funarte, e de outros órgãos pĂșblicos, alĂ©m de participar do movimento sindical no DF.
A jornalista negra conta que, em muitas dessas etapas, sofreu discriminação e teve sua capacidade colocada em dĂșvida por conta da raça. "A discriminação nos move quando ela vem na forma do enfrentamento. Ela não pode te abater e nem deixar vocĂȘ desistir, ela me fortalece. Mas ela não Ă© boa, Ă© óbvio, eu não quero ser discriminada para me fortalecer", diz.