O médico Edson Ritta Honorato investigado pela morte de dois pacientes será julgado novamente nesta segunda-feira, dia 22 de julho, a partir de 20h, pelo Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM). Ritta é acusado de negligência médica durante o procedimento dos pacientes Alan Leite Braga e Melina Seixas.
Braga, de 65 anos, faleceu no dia 6 abril de 2022 após passar pelo procedimento de introdução de balão gástrico. Segundo a família, o idoso teve uma série de complicações após a cirurgia, que o levou a morte.
O caso de Alan Braga em detalhes
Braga procurou o médico Edson Ritta, na clínica Endograstro, em Manaus, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, para o procedimento de implantação de um balão gástrico. De acordo com sua filha Alana, antes do procedimento, o pai apresentava alguns problemas de saúde que foram ignorados pelo médico: tinha alto nível de ácido úrico no organismo (que pode desencadear infarto, AVC e cálculo renal), diabetes, além de Hpylore, uma bactéria que coloniza o estômago causando gastrite, úlcera e azia. De acordo com a família, o médico mesmo sabendo do histórico de saúde do idoso, recomendou o uso do balão endogástrico e disse que após o procedimento ele ficaria curado da diabetes.
Após o procedimento, conta a filha, o idoso passou muito mal: "ele vomitava muito, nem água conseguia ingerir. No próprio consultório, após o procedimento, ele vomitou um líquido de cor estranha, misturado à sangue e o médico informou que era normal". Alana conta ainda que a pressão do pai subiu muito após a introdução do balão e quando perguntado ao médico o que fazer, respondeu para o paciente passar em uma farmácia e comprar remédio para pressão, sendo que, a vítima nunca teve histórico de pressão alta, conta a filha.
Dois dias após o procedimento, Alan Braga retornou ao consultório de Edson Ritta determinado a retirar o balão. Na ocasião, o médico havia dito que era para ele aguentar mais um pouco que logo ficaria bem. O idoso retornou para casa muito debilitado, com pressão baixa e sem conseguir se alimentar e beber líquido, foi quando a família o levou para o hospital 28 de Agosto.
No hospital, Alan Braga foi verificado que o estômago do idoso estava perfurado, além disso, segundo a família, Braga apresentava um quadro clínico de infecção geral. A equipe médica precisou realizar uma cirurgia de emergência para retirar o balão endogástrico, mas o idoso não resistiu e veio a óbito. Segundo a família, Alan Braga sofreu muito entre a data de introdução do balão e da sua morte.
Relembre o caso de Melina Seixas
Melina Seixas passou pelo mesmo procedimento na clínica de Edson Ritta, no dia 05 de fevereiro de 2022, dois meses antes de Alan Braga. De acordo com Darlan Taveira, marido da vítima, que esperava Melina na recepção da clínica, ao perceber que o procedimento demorava mais do que o informado perguntou ao médico como estava a esposa, e ele respondeu que a paciente estava bem e dormindo. Quase uma hora depois, Darlan viu entrar na clínica socorristas do SAMU, momento em que percebeu que havia algo errado. Quando questionado pelo marido, o médico afirmou que Melina não havia acordado e que havia sofrido uma parada cardiorrespiratória.
Ainda segundo o esposo, Melina foi encontrada dentro da sala de procedimento, no chão, desacordada, com os lábios e rosto roxos, sem nenhum tipo de equipamento de emergência para reanimá-la. Depois disso, as informações que chegaram à família foram somente através da equipe do SAMU.
Desacordada, Melina teve que ser removida da clínica de cadeira de rodas, pois a maca não entrava no elevador do prédio. Ela foi levada para o Hospital Pronto Socorro 28 de Agosto e lá, sofreu outras paradas cardíacas. Enquanto a equipe do hospital alertava que a situação de Melina era muito grave, o médico responsável pelo procedimento, por outro lado, afirmava que ela estava estável. Melina veio a falecer no mesmo dia, por volta das 16h10. Após o falecimento o médico não entrou mais em contato com a família até o presente momento.
Julgamento no CRM sobre o caso Melina
O CRM-AM, após forte pressão popular e da imprensa, julgou o caso da jornalista Melina Seixas no dia 9 de maio de 2023, mais de um ano após o seu falecimento. Para a surpresa de todos os familiares da vítima, o parecer do CRM foi o afastamento de Edson Ritta Honorato por 30 dias do exercício de suas funções como médico.
A família de Melina, revoltada, conta como recebeu a decisão: "O que nos revolta é que mesmo com todos esses indícios de negligência médica, Ritta foi afastado por apenas um mês de suas funções e continua atuando em seu consultório e em hospitais públicos normalmente", declarou Taveira.
A expectativa das famílias das vítimas é que, no julgamento desta segunda-feira, o CRM do médico gastroenterologista seja cassado.