Na última sexta-feira, 19 de março, um cenário alarmante de descaso e insatisfação tomou conta do Instituto da Mulher Dona Lindu, localizado no bairro Adrianópolis, na zona Centro-sul de Manaus. Pacientes e acompanhantes relataram agonia ao enfrentarem esperas superiores a 11 horas para serem atendidos, revelando uma crônica de negligência no sistema de saúde pública.
Entre as vozes que ecoaram no ambiente caótico do Instituto, destaca-se a de Maria Cíntia Oliveira da Silva, uma dona de casa de 43 anos. Com a filha enfrentando um sangramento intenso, Maria chegou à unidade médica às 9 horas da manhã. No entanto, ao passar das 18 horas, a indignação tomou conta de sua fala: "Nós chegamos aqui às 9 horas e já são 18h30 e agora nós estamos saindo. Minha filha está com muita dor de cabeça e com sangramento intensivo." As dificuldades enfrentadas na ocasião, segundo ela, não eram uma surpresa, dado que a situação já havia se repetido em visitas anteriores. Além do sofrimento físico da filha, Maria não poupou críticas ao funcionamento do Instituto, mencionando uma atitude desdenhosa de funcionários que sugeriram que, se algum paciente estivesse insatisfeito, recorresse a atendimentos particulares: "Uma guarda disse para mim, quem estivesse achando ruim que fosse para o particular."
A narrativa de Maria é corroborada por outros pacientes, como o funcionário público Mário da Silva de Abreu, de 65 anos. Ele estava no local desde meio-dia, ao lado da filha, e expressou sua frustração em relação ao tratamento recebido. "?? desesperador, porque eu estou sentindo esse descaso da saúde pública," desabafou. A indignação de Mário se estende a um descontentamento mais amplo com a gestão do governador Wilson Lima (UB), que, segundo ele, estaria alheio às reais necessidades da população. "Infelizmente eu acho que esse governador não está nem aí para ninguém," afirmou. A divisão entre o atendimento que os cidadãos esperam e a realidade imposta pela deterioração do serviço público é um problema que clama por atenção.
?? luz desta crise, é crucial considerar o papel da gestão institucional. Apesar dos clamores dos cidadãos, a direção do Hospital não estava disponível para comentar sobre as longas esperas, pois, segundo informações obtidas pelo portal, os responsáveis pelo estabelecimento se retiram às 17 horas, deixando a unidade sem supervisão durante a noite. Essa ausência de supervisão revela uma fragilidade na estrutura administrativa do Instituto, contribuindo para a sensação de abandono vivenciada por pacientes e acompanhantes.
A situação do Instituto Dona Lindu não é um fenômeno isolado, mas sim um reflexo das deficiências que permeiam o sistema de saúde pública no Amazonas. A longa espera por atendimento médico é um problema que compromete a saúde e a dignidade das pessoas, desumanizando a experiência do paciente e gerando uma onda de frustração e desconfiança em relação ao governo. Em um cenário onde a saúde deveria ser priorizada, a realidade é de filas intermináveis e desespero.
A busca por um sistema de saúde digno é uma luta que deve ser travada por toda a sociedade, e a mobilização em torno dessas questões é fundamental para que mudanças estruturais ocorram. ?? imprescindível que os responsáveis pela saúde pública ouçam as vozes de quem necessita de atendimento. Enquanto as histórias de Maria, Mário e muitos outros permanecem sem resposta e sem resolução, o Instituto Dona Lindu se torna um símbolo de um sistema falho, que precisa de reformas urgentes e ações efetivas.
?? necessário garantir que instituições como o Instituto Dona Lindu cumpram seu papel de cuidado e acolhimento, especialmente em um espaço que deveria ser dedicado ao atendimento da saúde da mulher. A crítica não se destina apenas à gestão atual, mas exige um chamado à responsabilidade pelas gerações futuras. A melhoria dos serviços de saúde não pode ser uma expectativa distante, mas um direito fundamental a ser reivindicado e respeitado.
Em conclusão, a crônica de 11 horas de espera no Instituto Dona Lindu expõe não apenas a ineficiência de um serviço, mas também a urgência de um diálogo sincero entre a população e o governo. As vozes dos que buscam atendimentos médicos não podem ser silenciadas; elas devem ecoar na busca por um sistema que respeite e valorize a vida. Acidade de Manaus não pode aceitar menos do que o devido para suas mulheres e suas famílias. O clamor por saúde pública de qualidade e dignidade emerge como um imperativo social que deve ser enfrentado com seriedade e comprometimento.