Victor Higor Senna e Rodrigo Santos, ambos presos durante a operação "Carimbadores", no dia 15 de maio deste ano, estão sendo considerados foragidos da Justiça desde a última semana. Eles teriam se aproveitado de uma "brecha" do sistema prisional para saírem da cadeia em que estavam.
A dupla é acusada de abusar sexualmente de crianças e adolescentes de forma desprotegida, a fim de transmitir o vírus HIV. Além de cometer os crimes contra filhos de pessoas próximas, os abusos também aconteciam em banheiros de shoppings e terminais de ônibus em Manaus.
Segundo informações preliminares, Higor havia ganhado liberdade há cerca de uma semana, já Rodrigo teve sua saída registrada no último sábado (8).
A soltura ocorreu devido à uma falha no acompanhamento dos prazos processuais dos acusados, em meio à transferência da ex-delegada da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e Ao Adolescente (DEPCA), Joyce Coelho, que assumiu a liderança da Delegacia Especializada em Atos Infracionais (DEAAI), nesta terça-feira (11).
A delegada Juliana Tuma, titular da DEPCA, que deflagrou a operação que prendeu os suspeitos, explicou que a dupla não estava detida em cumprimento de mandado de prisão preventiva, mas sim, temporária.
"Quando deu-se o tempo da expedição da prisão preventiva, eles já haviam sido "soltos". Mas nós vamos trabalhar incansavelmente para continuar fazendo justiça às vítimas e para dar continuidade às investigações com o cumprimento dos mandados", afirmou a delegada.
O pedido para a prisão preventiva dos acusados deve ser encaminhado à Justiça ainda nesta terça-feira (11). A titular da DEPCA reforça o pedido para que a população denuncie a localização da dupla, caso saibam o paradeiro deles.
"Pedimos que a populaçaõ colabore conosco. Qualquer denúncia pode ser feita através do disque 181 para que possamos tomar todas as providências".
Prisão temporária x Prisão preventiva
A prisão temporária é uma medida cautelar, com prazo limitado, destinada a possibilitar a investigação de crimes graves. Ela pode ser decretada quando há indícios suficientes de autoria e materialidade do delito, além de situações específicas, como a possibilidade de obstrução das investigações ou ameaça à ordem pública.
Já a prisão preventiva é uma medida mais abrangente, que visa garantir a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal. Ela pode ser decretada em diversos estágios do processo, desde a fase de inquérito até o julgamento final, e não possui um prazo pré-determinado, podendo perdurar até o final do processo, caso persistam os fundamentos que a justifiquem.
Relembre o caso
A ação, denominada "Operação Carimbadores", revelou mensagens perturbadoras trocadas pelos suspeitos em um aplicativo de mensagens. Eles admitiam a prática de sexo desprotegido, sendo portadores do vírus HIV ou Aids, e expressavam o desejo de infectar crianças.
Além disso, compartilhavam conteúdo de pornografia infantil e discutiam detalhes dos estupros planejados. O casal chegou a revelar a preferência em relação às vítimas, "quanto mais novas, melhor!".
O caso veio à tona após uma denúncia feita por um técnico que consertava o celular de um dos suspeitos. Ele viu as conversas preocupantes da dupla, tirou prints e as enviou às autoridades.
Durante as investigações, descobriu-se que até mesmo crianças da própria família dos criminosos poderiam ser vítimas. Um deles mencionou o sobrinho do comparsa, de apenas 6 anos, como possível alvo.