Brasil " Um adolescente de 14 anos, aluno da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande (SP), contou que os episódios de agressões dentro instituição de ensino são frequentes. A escola é onde o estudante Carlos Teixeira, de 13 anos, foi agredido pelas costas e depois morreu.
O aluno contou que há um grupo de agressores conhecido como "grupo do terror". Segundo o adolescente, os atos de violência são cometidos no banheiro, batizado como o "banheiro da morte", já que ali não há câmeras de segurança para monitoramento e as agressões são realizadas sem repressão.
"Tinha até um grupinho de alguns moleques, que era chamado "grupo do terror". Já ouvi muitas coisas sobre esse banheiro, e era conhecido assim mesmo, como "banheiro da morte", relatou.
"Me senti com medo e desprotegido naquela escola", desabafou o menino, que vai mudar de unidade e se mostrou assustado com o que viveu e com a morte de Carlos Teixeira na última terça-feira (16). O colega foi pisado nas costas no dia 9 de abril e, com dificuldades para respirar, foi internado na Santa Casa de Santos, onde sofreu três paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.
A mãe do aluno disse que irá mudar o menino de escola. "As famílias estão com medo de mandar [as crianças] para lá. Estou decidida. O meu filho não estudará mais lá. O meu filho, por exemplo, foi agredido lá, mas consegui resolver a tempo (ela alegou ter conversado com os agressores na saída da escola), mas a mãe de Carlos Teixeira infelizmente não teve a mesma sorte", desabafou.

Escola Estadual Professor Julio Pardo Couto.
Bullying
A mulher conta que descobriu as agressões contra o filho porque o menino tentou sair mais cedo da escola, pois estava com medo de sofrer outras violências na saída. "Mas foi "pego" e levado para a diretoria", contou.
A mãe disse ter acionado a diretoria, que afirmou não ter registrado agressões ao adolescente naquele dia. "O sentimento é de revolta e medo", desabafou. "Esse banheiro é perigosíssimo. Todas as brigas são resolvidas lá, pois não tem câmera. Eles [os agressores] esperam o aluno que querem fazer bullying entrar e, então, atacam em bando. São sempre os mesmos", finalizou.
Morte de Adolescente
Carlos Teixeira Gomes Ferreira Nazara, de 13 anos, morreu em 16 de abril, após ser agredido na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande (SP). O menino sofreu chutes nas costas. Ele foi internado na Santa Casa de Santos, pois estava com dificuldades para respirar após três paradas cardiorrespiratórias ele não resistiu.
O pai do menino, Julisses Fleming, contou que o filho estava no 6º ano e vinha sendo vítima de agressões e perseguição por outros alunos da escola. De acordo com ele, apesar de ter entrado em contato com a instituição de ensino para relatar os episódios de bullying, nada foi feito.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) afirmou lamentar profundamente o falecimento do estudante. "A Diretoria de Ensino de São Vicente instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações", acrescentou a pasta.